A pouco e pouco, o estádio de terra batida improvisado recinto de festival, ia-se enchendo de gente e mais gente, sendo, claro está, o negro a cor predominante. O cartaz prometia, e aqui e ali começavam a surgir grupos de fãs, com a inevitável indumentária escura e a t-shirt da banda de eleição.

Pela hora marcada, abrem as hostilidades os Revolution Within, banda nacional consolidada após ter sido votada como banda revelação pelos leitores da revista LOUD! há dois anos. A conjugação de uma componente mais hardcore a um metal pesado foi bem aceite pelo público, ainda em aquecimento para o que viria mais tarde.

Seguiram-se os Crushing Sun, vencedora da tal votação da LOUD! no ano passado. Num registo mais melódico, nunca perdendo o carácter sombrio e característico do género, a banda mostrou o que vale, a um público que, talvez pela fase de preparação para os cabeças de cartaz, talvez pela hora de um lanche bebível antes da loucura não demonstrou muito interesse.

O nome seguinte, Essence, trouxe a primeira mostra metálica estrangeira a Vagos. Num estilo bastante peculiar de thrash metal, a banda conseguiu despertar a audiência (houve minutos de apoteóse aquando da versão de Raining Blood, dos míticos Slayer) e os músicos, apesar de bastante jovens, souberam dar mostras de que têm potencial, e de que têm tudo para listar nos lugares cimeiros da cena metal Dinamarquesa.

Sem atrasos (algo de louvar e, para muitos, desconcertante), deu-se início ao concerto de um dos primeiros nomes grandes - Anathema. A pouco e pouco, o aglomerado de vestes negras crescia, tendência essa que se viria a manter até ao final do evento.
Com uma qualidade de som invejável e, sem dúvida, a melhor dos seis nomes a pisar o palco, o espectáculo acabaria por ficar marcado pela negativa, ao haver problemas técnicos que, por várias vezes, desligaram os instrumentos, interrompendo por completo algumas das canções. O público, no entanto, não desanimou, e soube retribuir a energia de Vincent Cavanagh e seus pares.

Após um interregno longo - muito longo - para averiguar os ditos problemas técnicos, entram em cena Tiamat, banda-projecto do camaleónico Johan Edlund. Apesar de aparentemente desconhecidos por grande parte do público, o registo gótico e obscuro propagou-se por todo o recinto, sendo, para muitos, a surpresa / revelação da noite.

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Para finalizar a primeira noite, Opeth. Facilmente se pôde comprovar que, para muitos, era este o real motivo da vinda ao recinto: de repente, e sem se dar por isso, o público duplicara. E não houve desilusões. Os suecos, habilmente liderados pelo bem-disposto Mikael Åkerfeldt, trouxeram o que de melhor se faz na cena death/doom progressivo, e, mesmo com azares à mistura - em plena preparação do clímax de um dos temas, Mikael partiu uma corda, tendo de interromper momentaneamente o ambiente - houve espectáculo à lá Opeth. Viagens mais tranquilas alternadas com sons explosivos (que, como Åkerfeldt fez questão de referir, foram muito inspirados na ideologia de Morbid Angel, um dos nomes fortes de amanhã), houve espaço para tudo, inclusivé as brincadeiras já habituais com a plateia.

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Texto: Sérgio Castro / Tiago Fernandes
Fotografia: Sérgio Castro