Gabriella Di Grecco, estrela brasileira da Disney que estudou na American Academy of Dramatic Arts, é uma das protagonistas de "O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu", série de Miguel Falabella para o Disney+, e que já tem sua segunda temporada confirmada.
Com milhares de seguidores nas redes sociais, a atriz tornou-se uma referência para os jovens ao ter coprotagonizado a série argentina "Disney Bia", exibida em mais de 40 países.
Nos últimos anos, Gabriella Di Grecco também se tem destacado como realizadora de videoclipes e compositora da Warner Chappell. Em conversa com o SAPO Mag, a atriz falou sobre o seu percurso e alguns dos projetos mais marcantes da sua carreira.
SAPO Mag: Quando começou a nascer o seu interesse pela representação?
Gabriella Di Grecco: Boa pergunta. Eu não me lembro! O interesse por representar, contar histórias e entreter me acompanha desde que me entendo por gente. Minha mãe comenta que desde muito pequena eu já criava peças de teatro, imitava a Xuxa, com direito a fantasia e tudo! Me lembro que, nos anos 90, meu pai comprou uma câmera de filmagem JVC. Filmava na fita ainda!
Me lembro que eu criava tudo com essa câmara! Fazia cenas, novelas, filmes, videoclipes, apresentava programas de TV... Inclusive, já que estamos falando com Portugal aqui, tem um quadro que eu amava fazer, se chamava “A Feiticeira Portuguesa”, era uma ilusionista de Portugal que adorava mostrar seus truques, mas sempre que ela se apresentava, seus truques davam errado! Eu fazia essa personagem com sotaque e tudo! Deveria ter uns 10 anos. Meu pai filmava e a minha irmã mais nova, Giovanna, era a minha assistente e cobaia. Ela devia ter uns quatro aninhos.
Era muito divertido! Essa vontade, maior que eu, de entreter e contar histórias me acompanhou a vida toda, esteve comigo durante a infância e a adolescência, mas foi somente na vida adulta que eu realmente escutei o meu coração e resolvi fazer dessa vontade maior que eu a minha carreira, desde então nunca mais parei.
Como estudar American Academy of Dramatic Arts a ajuda na carreira?
Penso que o estudo é importante sempre. Todos os gigantes que eu conheço (independente da carreira: artes, medicina, engenharia, etc.) se mantêm estudando e se atualizando. Ainda mais hoje em dia, quando tudo muda tão rapidamente, estudar e se atualizar é mandatório. Nesse sentido, ter estudado na American Academy of Dramatic Arts foi fantástico. Naquele momento, já conhecia mais ou menos como era o mercado e o setor brasileiro.
Os Estados Unidos conseguiram desenvolver, de facto, uma indústria e isso impacta toda a cadeia do setor. Foi essa a percepção que eu tive lá.
Escolhi ter estudado na AADA em Nova Iorque por se tratar da primeira e mais tradicional academia de artes dramáticas de todo o continente americano. Hoje em dia, pretendo fazer um intercâmbio para me reciclar, mas dessa vez tenho mirado na Europa para fazer esse crescimento. Quem sabe minha próxima parada não seja Portugal?
Como foi lidando com o aumento da fama? Como é ser uma referência para milhares de jovens?
Não vou mentir, no começo foi meio assustador. Entendi que a fama vem de qualquer lugar, menos do nosso controle! Hahaha! Isso é muito louco e confesso que levei um tempo para entender esse fenómeno, porque a fama, pelo menos da forma que ela veio pra mim, ela veio muito antes das pessoas sequer me conhecerem. Ela veio por causa de um produto audiovisual. Isso me impactou muito: como pode ser que tenha esse monte de seguidor chegando, esse tanto de gente que diz que me ama, se toda essa gente sequer me viu atuar, sequer sabem se eu sou uma pessoa boa ou ruim. Isso me assustou muito, foi aí que entrou a responsabilidade para mim, porque boa parte dessa galera era jovem.
Alguns, inclusive, muito jovens. Se esse negócio da fama chegou na minha mão, e eu tenho esse canal de comunicação aberto e direto com os jovens, vou fazer disso a melhor ferramenta possível para passar a melhor mensagem possível para esse público, afinal, são eles que estarão fazendo o mundo girar daqui a alguns anos.
Outra coisa importante: da mesma forma inesperada que a fama vem, ela pode ir embora. Esse é outro exercício que faço constantemente para manter os pés no chão. Principalmente nos dias de hoje, em que a fama é capital e está cheio de gente disposta a conquistar esse capital a qualquer custo e alguns meios de comunicação, além de parte público, dá espaço para coisas que geram engajamento mas que muitas vezes não tem nenhuma responsabilidade. Percebo que a fama é mais volátil do que nunca e que meu valor não pode ser metrificado.
"O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu" é um dos seus trabalhos mais marcantes. O que mais a apaixonou no projeto?
Todo o projeto, ao meu ver, é apaixonante. O Miguel Falabella escreveu uma linda obra e ode à nossa música nacional, mostrando de forma artística e honesta o que acontece no setor artístico no Brasil. Isso, na minha opinião, é uma jóia que estamos entregando ao público, e que também faz uma crítica muito contundente a pessoas e posturas que poderiam ser melhores no nosso setor.
Além disso, Miguel escalou um elenco sensacional para essa série, homenageando com classe e elegância gigantes do nosso teatro musical, representados por nomes como Sara Sarres, Karin Hils, Ester Elias, entre outros. A Disney também foi muito feliz ao aceitar esse projeto corajoso! E claro, não posso deixar de comentar que ser uma vilã da Disney escrita por Miguel Falabella é um sonho e um mega presente para uma atriz receber.
A Nora, minha personagem, é uma mulher fascinante, complexa e até engraçada por querer a fama e escalar na carreira a qualquer custo! Tive muita liberdade para, como dizemos aqui no Brasil, “meter o louco” nas cenas e criar muito! E deu certo! Na primeira temporada todos se divertiram e se assustaram com ela! Estou bastante ansiosa pela segunda temporada, que tem tudo pra ser um êxito! Posso prometer que a Nora chega ainda mais má e louca na temporada que vem por aí!
Coprotagonizou a série argentina "Disney Bia". O que mais gostou da experiência? E qual foi o maior desafio?
“Disney Bia” foi um verdadeiro combo de aprendizados: entrei para indústria internacional, foi meu primeiro papel grande numa produção audiovisual, aprendi outro idioma, fui morar em outro país, conheci gente do mundo todo, atuei em outro idioma... Costumo dizer que cresci e amadureci 10 anos em 2!
Porque foi muito intenso, mas foi lindamente intenso. O meu maior desafio, de fato, foi equilibrar todas essas coisas que citei acima! Junto disso, entregando um produto de qualidade para fãs do mundo todo. Foi um sonho realizado. Hoje, me sinto pronta para realizar vários outros em várias outras funções, além da de atriz e cantora, claro!
E atrás das câmaras? O que mais gosta de fazer? Realizou vários videoclipes, como foi a experiência?
Confesso que é difícil escolher uma coisa só. Amo realizar escrever, fazer argumentos, editar, compor... No ano passado pude dar vazão a todas essas vontades que estavam adormecidas e prontas para virem ao mundo. Na direção, comecei trazendo ao mundo o projeto “Tamo Junto”, lançado pela primeira vez em 2020.
Além disso, tive a chance de dirigir os clipes de “Imagem a Refletir”, versão em português da música “Reflection” no relançamento de Mulan, em 2020. Em 2021, dirigi junto com o talentoso Rafael de Carvalho o videoclipe lo-fi de “Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto”, do Legião Urbana para a premiação SEC Awards, que deu muito certo! No fim desse mesmo ano, comecei a dirigir os videoclipes de trabalho das minhas irmãs Camilla e Giovanna, que formam a dupla Digrecco. Com elas, realizei quatro videoclipes, compus cinco canções e fiz a direção vocal delas também.
O primeiro deles, "Checkmate", foi um êxito para o que vínhamos traçando, de estratégia. Mais uma vez, fechei a parceria com o Rafael de Carvalho e a Taísa Amiden da Molêra Filmes e entregamos um clipe lindo! Em 2023, resolvi me desafiar mais como diretora e passei a dirigir sozinha os clipes da Digrecco.
A cada videoclipe, fui subindo um degrau na função da direção. Começamos com “Veneno”, um clipe super clean, em estúdio, equipe e elenco compondo 15 pessoas no total. Em “Lado B”, já subi um degrau no desafio. Gravamos uma verdadeira festa dos anos 2000 com uma equipe maior, compondo pelo menos 60 pessoas no set no total.
Já em “Na Minha Mão”, último vídeo que lançamos, o desafio foi o maior até agora: no Festival de Inverno de Chapada dos Guimarães, um dos maiores do Centro-Oeste brasileiro, o clipe foi uma captação ao vivo do show, com efeitos de luz, som, bailarinos, 5 câmeras rodando ao mesmo tempo, drone, e uma plateia de mais de 30 mil pessoas! Foi surreal e estou muito feliz com o resultado. Pretendo continuar dirigindo. Me faz muito feliz poder contar histórias dessa forma. Neste ano vai ter mais coisa chegando nesse sentido.
Projetos para 2024? O que pode contar?
Continuo minha parceria com a Warner como compositora junto ao estúdio 48K, compondo músicas para artistas de todo o Brasil. Ainda na música, tenho um lindo projeto que estou desenvolvendo com a OTZI GROUP que contempla não só música, mas também vídeo.
Este ano também estou aguardando a segunda temporada de “O Coro” e estou envolvida com o teatro, encarando produção teatral pela primeira vez na minha carreira. Posso adiantar que se trata de uma peça que foi um sucesso no Brasil, de um autor muito amado no Brasil e também em Portugal. Quem sabe não fazemos uma temporada em terras lusitanas?
Comentários