Decorrendo até 1 de maio como forma de assinalar o Dia Mundial da Dança, o evento tem curadoria da bailarina e coreógrafa São Castro, que, natural do referido concelho do distrito de Aveiro, iniciou a sua formação no Balleteatro - Escola Profissional de Dança e Teatro do Porto e integrou a respetiva companhia entre 1997 e 1999, aí explorando peças de Né Barros e Isabel Barros.

Licenciada pela Escola Superior de Dança, a bailarina integrou, entretanto, a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo e o Ballet Gulbenkian, tendo já trabalhado com coreógrafos e encenadores como Rui Lopes Graça, Benvindo Fonseca, Sofia Silva, Vasco Wellenkamp, Paulo Ribeiro, Marco Martins, Olga Roriz e Clara Andermatt.

Foi essa experiência que a curadora de “A Cidade Dança” aplicou nas escolhas de um programa que, após anteriores edições canceladas ou realizadas apenas em formato ‘online’ devido às restrições impostas pela pandemia de COVID-19, retoma em 2022 o registo totalmente presencial e aposta agora em novos palcos.

“São três os protagonistas do evento: os artistas, o público e a cidade”, declarou São Castro à Lusa, referindo que a matéria que liga esses elementos será “a dança, o corpo em movimento e o movimento que gera discursos, que provoca reflexão, que aproxima comunidades, denuncia revoluções”.

Quanto à obra de Pina Bausch, São Castro adiantou: “Damos destaque ao trabalho de um dos grandes nomes da história da dança contemporânea e à presença de uma das bailarinas que acompanhou o seu trabalho durante mais de 30 anos, [a norte-americana] Julie Anne Stanzak, que nos levará numa viagem pela dança da vida”.

Propondo-se “despertar os sentidos e a sensibilidade fundamental à mudança e a novas decisões”, a curadora de “A Cidade Dança” escolheu os seguintes espaços para materialização do cartaz: num registo mais convencional, a Casa da Criatividade, e, para cenários mais informais e urbanos, a escola Academia do Design e Calçado, o Jardim Municipal, a praça entre o Museu da Chapelaria e o Museu do Calçado, a Torre da Oliva e várias unidades industriais.

Entre essas incluem-se a fábrica de lápis Viarco, a produtora de componentes para automóvel Faurecia, a fabricante de marroquinaria Belcinto e três empresas ligadas ao setor do calçado, nomeadamente a Mariano Shoes, a Project ID e a CEI - Companhia de Equipamentos Industriais. Em todas essas fábricas os espetáculos irão decorrer durante o horário de laboração.

O cartaz do evento conta igualmente com a participação de entidades locais ligadas ao ensino da dança, pelo que São Castro garante que os mais novos também terão oportunidade de explorar o género. Haverá, por exemplo, “um dia dedicado ao desafio de relacionar a Dança e a Matemática”.

Uma oficina com Julie Anne Stanzak, a exibição de um documentário sobre Pina Bausch, o espetáculo infantojuvenil “A Caminhada”, do coreógrafo Bruno Alexandre, e a produção “Lowlands”, de Hélder Seabra para a Companhia Instável, são outras das propostas da iniciativa – à qual o acesso implica bilhetes ou reservas prévias a preços desde a entrada livre até aos 10 euros.