Enquanto as autoridades tentam esclarecer as causas da morte de Prince, que foi encontrado na quinta-feira no elevador da sua residência no Minnesota, vários edifícios receberam iluminação púrpura, cor fetiche do artista.

Nasua cidade natal, milhares de fãs reuniram-se e dançaram no clube onde Prince gravou o filme "Purple Rain", que inspirou a banda sonora que o consagrou em 1984.

Nas ruas de Nova Iorque surgiram festas espontâneas em sua homenagem, assim como uma celebração perto da cada do realizador Spike Lee.

Uma ponte de Minneapolis ganhou tons púrpura e a revista New Yorker antecipou a capa da edição da próxima semana: gotas de chuva sobre um fundo violeta.

"Com profunda tristeza confirmo que o lendário e icónico artista Prince Rogers Nelson faleceu na sua residência de Paisley Park esta manhã", anunciou a assessora Yvette Noel-Schure num comunicado na quinta-feira.

"Prince foi encontrado inconsciente num elevador dos estúdios Paisley Park em Chanhassen", informou a polícia do condado de Carver.

"Preciso de amor e água"

Prince tornou-se um fenómeno internacional na década de 1980, com sua mistura de estilos, do funk ao R&B, passando pelo rock e jazz. O álbum de 1984 "Purple Rain" é considerado por muitos críticos um dos melhores de todos os tempos.

A paixão pela sua profissão foi provavelmente a melhor herança que recebeu dos pais, ambos amantes de jazz.

No início da carreira, Prince decidiu não cantar, por considerar que sua voz não tinha qualidade suficiente para agradar o público, mas vários nomes da indústria convenceram o músico a pegar o microfone, devido ao seu timbre de voz peculiar.

A indústria travou uma batalha por ele, entusiasmada pelo seu talento, e Prince assinou contrato com a Warner Brothers. Fez as malas, mudou-se para a Califórnia e em 1978 gravou "For You", no qual tocou todos os instrumentos.

O "Kid de Minneapolis", como era carinhosamente conhecido, acabou por se tornar um dos grandes músicos da década de 1980, cujo poder e influência foram comparados muitas vezes aos de Michael Jackson, falecido em 2009 aos 50 anos

Prince lançou 39 álbuns, vendeu mais de 100 milhões de cópias e ganhou sete prémios Grammy, além de um Óscar por "Purple Rain".

Com 1,58 m de altura e uma grande personalidade, estabeleceu tendências em cima e fora dos palcos.

Fiel a seu estilo dandi e ao seu aspecto andrógino, Prince é reponsável por algumas das grandes melodias da música pop.

Na década de 1990, Prince mudou o seu nome artístico para um "símbolo de amor" impronunciável e escreveu a palavra "slave" (escravo) no rosto para protestar contra as condições de seu contrato com a editora Warner

"Não vivo numa prisão. Não tenho medo de nada", afirmou em uma entrevistas à MTV em 1986.

"Não construí nenhum muro em meu redor. Sou como qualquer outro. Preciso de amor e água, e não tenho medo de uma resposta negativa porque, como digo, há pessoas que apoiarão meus hábitos como apoiei os delas".

No mês passado Prince tinha anunciado que as suas memórias - com o título "The Beautiful Ones" em homenagem a "Purple Rain" - seriam publicadas em 2017.

"Não conheci Mozart, mas conheci Prince"

O mundo ficou em choque com a notícia da morte e as redes sociais registraram milhões de mensagens de amor e agradecimento.

A ex-mulher de Prince, Mayte García afirmou que estava incrédula e que o cantor "era tudo" para ela.

"Agora está com o nosso filho", disse. O casal teve um filho em 1996, que morreu uma semana depois do nascimento.

O presidente norte-americano, Barack Obama, recordou o artista como um "ícone criativo" e um "artista eletrizante" que conquistou milhões de fãs no mundo.

Em poucas horas a morte de Prince gerou mais de oito milhões de mensagens no Twitter, segundo a plataforma de análises Visibrain.

Bono, vocalista de U2, prestou homenagem: "Não conheci Mozart, não conheci Duke Ellington ou Charlie Parker, não conheci Elvis, mas conheci Prince".

O líder dos Rolling Stones, Mick Jagger, disse que o talento de Prince "não tinha limites" e Madonna elogiou o caráter "visionário" do artista. "Mudou o mundo", disse.

A rainha da soul, Aretha Franklin, descreveu Prince como um músico "único no seu género".

"Estou orgulhoso de ter passado o Ano Novo com ele", escreveu no Twitter o ex-Beatle Paul McCartney.

O mundo do cinema também lamentou a morte, com mensagens do cineastas Spike Lee, dos atores Will Smith, Samuel L. Jackson e Elijah Wood, assim como de Whoopi Goldberg, Michelle Williams e Ellen DeGeneresm entre muitos outros tributos nas redes sociais.