A instituição lançou um desafio ao encenador multipremiado Gábor Tompa, que revisitou o clássico de Samuel Beckett “como um maestro que recria, com músicos diferentes, uma estrutura musical de uma assombrosa precisão”.
Em março, o encenador romeno disse à Lusa que o "teatro não faz sentido” sem o encontro dos atores com o público.
Em declarações à agência Lusa na altura, o encenador multipremiado que revisita o clássico de Beckett afirmou que a peça - semelhante a uma “partitura musical” - necessita de precisão e esperança: fatores “inseparáveis” no teatro.
“De certa forma esta peça é como uma partitura musical, necessita de precisão e o seu alcance, com ou sem público, deve ser muito preciso. O texto é brilhante e esta peça precisa de ‘feedback’, precisa de energia. O teatro é essencialmente o encontro entre o público e os atores. Sem esse encontro, o teatro não faz grande sentido”, confessou.
Gábor Tompa afirmou que, à semelhança da peça, que em palco retrata a “solidariedade, amizade e responsabilidade”, também o mundo tem de ter “esperança de salvação” e acreditar que vai conseguir superar os efeitos e angústia que emergem também da pandemia.
“Todos estamos à espera de algo”, disse, parafraseando a tragicomédia de Samuel Beckett onde “nada acontece duas vezes”.
Comparando a atual situação social, provocada pela pandemia, com a dos dois personagens da peça - Estragon e Vladimir – que “perderam tudo o que era material e apenas lhes resta a esperança”, o encenador afirmou ser também preciso “continuar a lutar”, especialmente os trabalhadores do teatro e da cultura.
“A pandemia vai deixar marcas, não apenas nos profissionais do setor, mas na cultura das pessoas. As pessoas precisam definitivamente do teatro. Em muitos momentos da história da humanidade, o teatro foi esquecido e considerado imoral por aqueles que estavam no poder e isso não pode voltar a acontecer pois pode tornar-se perigoso para o teatro”, salientou o atual presidente da União de Teatros da Europa (UTE).
A peça junta atores que fazem parte do elenco “quase” residente do TNSJ.
A 7 de março último, o TNSJ assinalou simbolicamente o fim do centenário do teatro, mas as comemorações continuaram até ao fim de 2021 com uma exposição, um colóquio internacional e alguns volumes dos Cadernos do Centenário.
“À Espera de Godot” tem récitas de quarta-feira a sábado, às 19h00, e, ao domingo, às 16h00.
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