A atriz Angelina Jolie, enviada especial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), apelou esta segunda-feira à comunidade internacional para superar os seus medos e intensificar os esforços para resolver a crise migratória.

"Mais de sessenta milhões de pessoas estão atualmente deslocadas [um terço dos refugiados], o que é mais do que em qualquer momento ao longo dos últimos 70 anos", disse a atriz e realizadora americana durante um discurso na sede da BBC, em Londres.

"Isso diz-nos algo profundamente perturbador sobre a paz e a segurança no mundo", acrescentou.

"Dado o estado do mundo, não é uma surpresa se algumas dessas pessoas desesperadas, que não têm nenhuma opção e para quem voltar para casa não oferece nenhuma esperança, tentarem um último recurso para chegar à Europa, mesmo arriscando as suas vidas", ressaltou.

Jolie lamentou que a crise de refugiados possa dar uma "margem de manobra e um falso ar de legitimidade para aqueles que promovem a política do medo".

Mas, segundo ela, "se a casa do seu vizinho está a arder, não vai ficar seguro fechando as suas portas".

Exortando a comunidade internacional a mostrar generosidade, o que a ativista considerou ser "um dever de todos nós, do futuro secretário-geral das Nações Unidas, dos governos, da sociedade civil, de cada um de nós".

"E o nosso sucesso vai ajudar a dar forma a este século. A alternativa? É o caos", alertou.

O discurso acontece uma semana após o "pacto mundial" proposto pela ONU para tentar resolver a mais grave crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial, promovendo o acolhimento, todos os anos, de pelo menos 10% dos refugiados.