Todos conhecem Bambi, a clássica personagem da Disney, mas poucos sabem que o seu criador é Felix Salten, um prolífico escritor da época de ouro de Viena (Áustria) e que uma exposição quer resgatar do esquecimento.
Escrito em 1922, "Bambi" teve pouco sucesso na época. Porém, na década seguinte, este autor judeu, perseguido pelos nazis, cedeu os seus direitos por mil dólares a um produtor americano, que os revendeu ao famoso estúdio de animação.
"Felix Salten mudou de editora e, então, o livro tornou-se um grande sucesso, antes de ficar ainda mais famoso com a adaptação para o cinema de 1942", disse à AFP Ursula Storch, curadora desta exposição no Museu de Viena (MUSA).
O legado deste escritor, cujo trabalho seria proibido na Alemanha e na Áustria pelo nazismo, não se resume, no entanto, apenas à conhecida história do cervo que chora a perda da mãe, abatida por caçadores.
Nascido em março de 1869 em Budapeste, ainda no poderoso Império Austro-Húngaro, Felix Salten e a sua família mudaram-se para Viena no ano seguinte. Foi nesta capital que ele começou a trabalhar como jornalista até escrever libretos de ópera, poesia, crítica de arte, argumentos de cinema e até um romance pornográfico.
Na época dourada da capital austríaca, Salten conviveu com o psicanalista Sigmund Freud e com o músico Richard Strauss. A anexação da Áustria à Alemanha nazi, em 1938, precipitou a fuga com a sua mulher e milhares de obras da sua biblioteca para a Suíça, onde faleceu em 1945.
A sua neta suíça, Lea Wyler, que conhece o seu avô apenas de ouvir as histórias de família, lamenta que "um homem tão dotado, tão cheio de humor e de sagacidade" seja lembrado apenas por "Bambi" - e isso no melhor dos casos.
"Toda a gente acha que foi a Disney que o inventou. Não lhe dão nenhum crédito e, durante este tempo, acumulam milhões", reclama Lea, que recebe como "um gesto de redenção" o reconhecimento agora dado pela cidade de Viena.
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