Em entrevista à Lusa, o guitarrista Tiago Calçada e o teclista Leandro Araújo afirmaram que dar o primeiro concerto do festival “correu lindamente” e “foi uma honra”, num sítio “maravilhoso” e “com tanta gente”.

À boleia do disco homónimo, lançado em 2018, os bracarenses, liderados pelo vocalista Fernando Fernandes, e ainda com Hélder Azevedo, no baixo, e David Costa, na bateria, deram um concerto do mais puro rock que abanou os primeiros festivaleiros.

“Não fazemos um álbum a pensar no que queremos fazer. É literalmente o que sai. A questão é se nós gostamos do que sai. Quando o álbum saiu, o ano passado, costumava dizer que encontrámos a nossa cena, chegámos a uma evolução… Mas agora quero mais, não sei se vamos fazer seis ou sete. Quero fazer mais”, apontou Tiago Calçada.

O teclista Leandro Araújo foi uma adição recente ao grupo, já que não consta do primeiro álbum “Black Bottle”, de 2016, e a sua inclusão, segundo Tiago, “ajudou muito” porque o libertou “musicalmente”, enquanto Leandro acrescenta que veio “acrescentar uma onda sonora impactante”, “em cima do já havia”.

Em declarações de 2016, David Costa explicava que a banda era “um passatempo”. Sobre a evolução desse pensamento, Tiago devolve a pergunta e questiona “quantas bandas profissionais existem em Portugal”.

“No dia em que vir isto como um projeto profissional, se calhar vou deixar de gostar. E eu quero curtir, eles também querem. O que acontecer aconteceu, não há essa preocupação, até porque é extremamente difícil. Em Portugal dentro, da onda alternativa contam-se pelos dedos das mãos as bandas que vivem só disto”, referiu.

Além disso, indicou que “o mercado está a crescer, mas continua a ser pequeno”, e que não mata a “cabeça com” a possibilidade de viver da música, porque já pensou nisso. Contudo, acaba por colocar-se “uma grande pressão”, quando o que “importa é gostar” de fazer música, até porque se “torna mais verdadeira quando é assim”.

“Agora cito Carlos Paredes, que dizia que gostava demasiado da música para viver dela e isto já diz muita coisa”, concluiu Leandro Araújo.

Sobre o futuro, o guitarrista disse que “continua igual” ao que referiu acima, que se se juntarem todos, “saírem cenas fixes” e estiverem “a gostar”, a banda vai traçando o seu caminho, enquanto o teclista vincou que, “enquanto fizer sentido”, estão aqui.

“Estamos a tocar ao vivo que é o que gostamos mais, quando acabar este ciclo que acaba em breve, vamos ver como é. [Esta ‘tour’] foi mais um ciclo, hoje foi brutal, há duas semanas foi brutal. Enquanto for assim é altamente, quero lá saber do trabalho”, concluiu Tiago Calçada.

Os Bed Legs atuaram na quarta-feira, no primeiro concerto nas margens do rio Coura, seguidos por Julia Jacklin, os brasileiros Boogarins, Parcels e os The National, enquanto, já de madrugada, o festival manteve-se em ‘after hours’ com os congoleses KOKOKO! e o dj set de Nuno Lopes.

Até sábado, a praia fluvial do Taboão vai ainda receber nomes como New Order, Patti Smith, Father John Misty, Suede ou Freddie Gibbs e Madlib.