A pandemia da COVID-19 acabou por alterar o mapa de edições discográficas deste ano e vários dos álbuns hoje editados estiveram previstos para a primeira metade deste ano.

“Vias de Extinção”, de Benjamim (Luís Nunes), estava praticamente gravado, faltavam apenas as vozes, quando foi decretado o estado de emergência, mas o álbum “já era o que é”, como disse o músico à Lusa.

Nos tempos livres entre a produção de discos para músicos como Joana Espadinha, Lena D’Água e Flak, Benjamim começou, no verão de 2018, por experimentar novas músicas com um sintetizador, uma caixa de ritmos e um gravador de cassetes.

O resultado final é um disco “muito pessoal”, cujo título vai buscar um lado de Benjamim que “vive atormentado com o presente e com o futuro”.

“Vias de Extinção”, como escreveu o músico no seu interior, é “em memória das noites [deixadas] na pista”.

Benjamim apresenta o novo álbum ao vivo a 26 e 27 de outubro em Lisboa, no Teatro Maria Matos, a 29 de outubro no Porto, na Casa da Música, a 6 de novembro em Coimbra, no Teatro Académico Gil Vicente, e a 5 de dezembro em Águeda, no Centro de Artes.

Hoje, é editado também “Uma palavra começada por N”, novo álbum de Noiserv (David Santos), no qual o músico regressa às canções estruturadas por camadas complexas de melodias e sons manipulados.

“Quando fiz o álbum anterior [‘00:00:00:00’, de 2016] era uma tentativa de me desafiar, só ao piano. Desde essa altura percebi que um disco que viesse a seguir seria um regresso a uma coisa complexa. Neste perdi muito mais tempo com todos os sons em particular. Cada uma das camadas está muito mais trabalhada e tem mais pormenores. Foi muito mais difícil chegar a cada som”, explicou à agência Lusa.

Ainda assim, David Santos diz que “não queria fazer um disco igual aos outros”. “Há três, quatro músicas que falam da ideia da dificuldade de perceber o que as pessoas gostam e o valor que as coisas têm. A minha procura de fazer diferente punha-me com receio que não fosse suficiente”.

Com o novo álbum terminado há quase um ano, David Santos passou os últimos meses – incluindo o tempo de confinamento - a divulgar cada uma das canções, acompanhadas por vídeos, feitos em trabalho criativo com a produtora leiriense Casota Collective.

O músico tem estado a ensaiar a transposição das novas canções para palco, para os cerca de dez concertos que tem marcados para o outono, a começar no sábado em Fafe.

Hoje, é divulgado também segundo álbum de Os Quatro e Meia, “O Tempo Vai Esperar”, com dez faixas, que inclui a participação do rapper Carlão e do vocalista dos Black Mamba, Pedro Tatanka.

O novo disco, de acordo com a banda em entrevista à Lusa, representa um amadurecimento do grupo, com outra preocupação na construção das canções, e tem também mais presente um diálogo da música popular portuguesa com outros géneros, como é o caso do hip-hop, assim como a introdução de instrumentos como o piano ou a guitarra elétrica.

A banda, formada em Coimbra por três médicos, dois engenheiros e um professor, começou em 2013, num sarau no Teatro Académico de Gil Vicente. Com o nome inventado a cinco minutos do começo do espetáculo, nesse dia tocaram versões de outros artistas, alguns que acabariam por influenciar a forma como fazem música: Miguel Araújo, João Gil e Rui Veloso.

“O Tempo Vai Esperar” foi apresentado ao vivo esta semana no Convento de São Francisco, em Coimbra, mas a banda conta levar o álbum a outras cidades.

Também a fadista Sara Correia edita hoje o segundo álbum, “Do Coração”, no qual põe algumas das suas “influências musicais, enquanto pessoa que gosta de música”.

“Sou portuguesa a cantar e o fado é a minha condição, neste disco abri portas a outras influências , músicos admiro muito. Quis arriscar, mas continua com o balanço do primeiro disco”, contou à Lusa.

“Do Coração” conta com temas escritos e compostos, entre outros, por Joana Espadinha, Luísa Sobral, Jorge Cruz, Carolina Deslandes e António Zambujo, que também gravou um dueto com a fadista. Todas estas participações acabaram por acontecer “com naturalidade”. “E é o mais bonito deste disco, foi tudo muito natural”, disse.

O segundo álbum de Sara Correia, “porque fala muito sobre o amor, é o amor em todas as formas”.

Ainda no espetro do fado, José Gonçalez edita hoje “30 anos depois”, o seu 12.º álbum, que marca os 30 anos de carreira do fadista e inclui “10 fados tradicionais com palavras novas, novas histórias de um homem que se fez e faz no fado”.

“É um disco que revela o homem que sou hoje, que de forma transparente se mostra, sem medos, nas suas palavras, e que coloca a voz nos temas que canta a verdade que é a sua vida de hoje”, afirmou o fadista, que recentemente foi anfitrião do programa da RTP “Em Casa d’Amália”, em declarações à Lusa.

Em “30 anos depois”, José Gonçalez canta acompanhado por Ângelo Freire, que produziu o disco, na guitarra, Rogério Ferreira na viola e Francisco Gaspar no baixo. O fadista conta ainda com a participação da cantora brasileira Fafá de Belém, no tema “A Valsa da Primavera”, e do guitarrista Pedro Jóia, em “O Plural de Um”.

“30 anos depois” será apresentado ao vivo no sábado em Estremoz, terra natal do fadista.

Hoje é ainda editado o álbum de estreia do grupo anglo-português Chameleon Collective, que junta Jonathan Miller, Jed Allen e Maria Leon, “The La Sound is Back – 1979”, que, como explicou o primeiro à Lusa, “é muito mais do que apenas a coleção de canções com o som dos anos 70”.

“Este álbum dá luz a uma vida de criatividade e estreita parceria com os meus brilhantes amigos musicais portugueses. Neste tempo sombrio de ‘brexit’ e doença, prova, para mim, que os laços entre as pessoas de várias nações nunca se quebram se o coração musical continuar a bater”, afirmou Jonathan Miller em declarações à Lusa.

“The La Sound is Back – 1979”, que faz uma homenagem à música produzida na costa Oeste dos Estados Unidos na década de 1970, foi trabalhado e gravado ao longo de três anos entre Londres e Lisboa.

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