"Cherry Domino" é o segundo álbum de originais dos Best Youth, dupla portuense formada por Catarina Salinas e Ed Rocha Gonçalves, que se deu a conhecer em 2011 com o EP "Winterlies" e se estreou em 2015 com o álbum "Highway moon".
À agência Lusa, Ed Rocha Gonçalves contou que "Cherry Domino" volta a ser introspetivo e melancólico como o antecessor, mas o ambiente geral do álbum nasceu de um retiro musical em 2017, no Alentejo, "no meio do nada, sem Internet, sem coisa nenhuma".
"Montámos uma sala de ensaio e estivemos dez dias com o botão do 'rec' ligado permanentemente a gravar todas as coisas que nos saíam", disse. Das cerca de trinta canções compostas, foram escolhidas nove, das quais uma é instrumental, para o alinhamento de "Cherry Domino".
Segundo Ed Rocha Gonçalves - que assina a composição das músicas a pensar na voz de Catarina Salinas -, houve mudanças ainda na forma de trabalhar, sem produtores convidados e com recurso a uma 'drum machine'.
"Fomos procurar soluções a artistas do passado e isto coincidiu com a morte do Prince. Fizemos um espectáculo de tributo e depois percebemos que ele gravou com uma drum machine (...). Decidimos que o caminho era por aí e, sem querer, puxou-nos para uma estética, para uma imagem e para uma sonoridade que é inconfundivelmente originária dos anos 1980", contou.
Catarina Salinas e Ed Rocha Gonçalves nasceram nos anos 1980 e cresceram influenciados pela sonoridade dessa década. A isso, para este disco, juntaram ainda um imaginário "da estética neo-noir, do 'Blade Runner'" e de bandas sonoras de outros filmes semelhantes.
A exceção ao trabalho de autoprodução do álbum deu-se apenas em dois momentos: no tema "Nightfalls", gravado em Nova Iorque por Patrick Wimberly, dos Chairlft, e "Part of the noise", coproduzido com Luís Clara Gomes, conhecido como Moullinex.
"Cherry Domino" é, intencionalmente, mais curto e conciso. "Sentimos que, nesta altura, em 2018, os hábitos de escuta das pessoas são muitos diferentes do que eram dantes. As pessoas estão com mais pressa, com menos atenção e mesmo nós sentimos isso, a conhecer discos. Acho que com um disco mais curto é mais fácil as pessoas conhecerem um disco inteiro", justificou o músico.
Os Best Youth já tocaram o novo álbum na íntegra em maio, em Famalicão, até para testar um novo formato de banda, com mais dois músicos, mas a nova digressão só arrancará em outubro com concertos em Lisboa e no Porto - dia 19, na sala Time Out, e, no dia 25, na Casa da Música, respetivamente.
O álbum sai em edição de autor, com distribuição internacional, numa tentativa dos Best Youth de vingar fora de portas, sabendo que "é sempre uma tentativa, porque é um processo difícil e não garantido para ninguém".
"Sentimos que, para o tipo de trabalho que nós queríamos, nos sentimos mais confortáveis a ter mais controlo sobre o processo todo. (...) Numa editora multinacional em Portugal, não iríamos perseguir os nossos interesses (...) da forma que quereríamos", disse.
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