O protesto “Precariedade não é desejável” está marcado para as 13h00 em frente à Assembleia da República e foi convocado “contra as afirmações do ministro da cultura, Pedro Adão e Silva, que disse no Parlamento que: ‘não devemos ter por ambição acabar com todos os vínculos precários da cultura, isso não é desejável’ e ‘A precariedade nem sempre é um mal absoluto’”, como se lê num comunicado hoje divulgado pela Brigada Estudantil.

A 11 de maio, numa audição parlamentar sobre o Orçamento do Estado para 2022, Pedro Adão e Silva afirmou, a propósito do novo Estatuto dos Profissionais da Cultura, que o setor da cultura “tem alguma dimensão de precariedade que é inultrapassável”.

“Não podemos ter como ambição acabar com todos os vínculos precários da Cultura. Acho que não é desejável, do ponto de vista de muitos trabalhadores da Cultura. Há profissões que, pela sua natureza, têm de manter esta possibilidade de ter vínculos precários. A precariedade, em muitas situações, não é um mal absoluto. Mas devemos concentrar-nos em corrigir e contrariar a precariedade que efetivamente é um problema”, defendeu, na altura.

João Veloso, da Brigada Estudantil, lamentou hoje, em declarações à Lusa, que o ministro diga que “não há problema na precariedade, quando a precariedade é um mal absoluto que condena pessoas a não poderem ter estabilidade no emprego, a não poderem sequer perspetivar um futuro, perspetivar ter uma casa, etc., etc.”

“Estas declarações do ministro revelam uma falta de conhecimento generalizado do setor da Cultura, e que não quer estabilidade no emprego para as pessoas que trabalham no setor da Cultura”, afirmou.

Num manifesto de protesto contra a precariedade na Cultura, hoje divulgado, a Brigada Estudantil lembra que Portugal é “um país em que apenas uma elite tem direito a viver da cultura, onde nem sequer 1% do orçamento se destina ao seu desenvolvimento”.

“Ouvimos recorrentemente que não há dinheiro para tudo ou que o dinheiro não cresce nas árvores e que eles fazem o que podem. Ouvimos e pensamos para nós, de onde cresce então, o que vai para os bancos e companhias aéreas? Como em nenhuma profissão, a precariedade não pode ser nunca um ponto de partida”, lê-se no manifesto.

No manifesto, é feito um convite a “todes es artistas, e trabalhadores da cultura em Portugal” a juntarem-se ao protesto “contra as declarações do ministro da cultura Pedro Adão e Silva, em particular, e contra a falta de sensibilidade e preocupação demonstrada pelos sucessivos ministérios da cultura pré e pós-pandemia”.

“Exigimos um setor sem precariedade e sem insegurança financeira, pelo investimento público na divulgação e promoção da cultura e arte portuguesa”, conclui o manifesto.