"Só quero que me devolvam minha vida. Já se foram 13 anos e acho que é suficiente", declarou Spears durante uma intervenção virtual de 20 minutos, enquanto os seus fãs cantavam em sinal de apoio no exterior do tribunal em Los Angeles.

As finanças e assuntos pessoais da estrela de 39 anos têm sido geridos por Jamie Spears desde que Britney teve um colapso nervoso em público há mais de uma década, o que fez com que nos últimos anos milhares de fãs lançassem a campanha online #FreeBritney.

Num apelo comovente em que ela mal parou para recuperar o fôlego e gaguejou duas vezes, a estrela disse que o acordo legal a deixou "traumatizada" e "deprimida".

"Não sou feliz. Não consigo dormir. Estou furiosa. É uma loucura", criticou a cantora, acrescentando que chora todos os dias.

"Esta tutela é abusiva. Eu quero mudanças, eu mereço mudanças", continuou, ao falar perante a juíza Brenda Penny.

Spears raramente falou de forma direta sobre o assunto ao longo destes anos, mas o seu advogado, Samuel Ingham, afirmou em abril que a estrela da pop queria dirigir-se ao tribunal diretamente, o que resultou na audiência desta quarta-feira.

Spears mantém há anos um relacionamento complicado e tenso com o seu pai.

No ano passado, Spears avançou com um pedido para retirar a tutela ao pai e dar o poder exclusivo sobre seus bens a uma instituição financeira. Segundo Ingham, a cantora estava "com medo" do seu pai.

"Muito, muito!"

Spears performs during 'Britney: Piece of Me' show in Las Vegas

Um exército de fãs devotos de Spears procuraram incansavelmente por pistas nas suas contas nas redes sociais sobre o seu bem-estar ou por quaisquer sinais de que algo pudesse estar a passar-se com ela.

Documentos judiciais confidenciais publicados na terça-feira pelo New York Times afirmam que Spears disse a um investigador do tribunal que a tutela "se tornou uma ferramenta opressora e de controlo contra ela" desde 2016.

Spears afirmou que o sistema de tutela tinha "muito controlo (...) Muito, muito!" e que isso a impedia de tomar as suas próprias decisões sobre amizades, compromissos, despesas e até coisas banais como a cor dos móveis da sua cozinha.

Segundo o relatório citado pelo jornal, a artista disse ao investigador que queria que a tutela terminasse o mais rápido possível e que estava "cansada de que se aproveitassem dela".

Spears é atualmente responsável por pagar as contas legais de ambas as partes, incluindo as altas taxas cobradas pelos advogados que trabalham para o pai no caso.

"Envergonhada"

A polémica em torno do caso de Spears ganhou mais espaço após o lançamento do documentário "Framing Britney Spears" em fevereiro, que relata o processo que levou ao seu colapso e à nomeação do seu pai como tutor.

Após se ter divorciado de Kevin Federline em 2006 e ter perdido a custódia dos seus filhos no ano seguinte, os paparazzi fotografaram-na descalça numa bomba de gasolina com a cabeça rapada.

Sob a tutela do seu pai, Spears rapidamente voltou à atividade. Ela lançou três álbuns, apareceu em vários programas de televisão e até aceitou uma residência em Las Vegas.

Mas em janeiro de 2019, a cantora anunciou abruptamente que suspenderia as suas atuações até novo aviso.

Spears declarou recentemente que ficou "envergonhada" com a sua imagem no documentário, no qual os seus fãs denunciam que ela é uma prisioneira e afirmam que ela tem enviado pedidos encriptados de ajuda através das suas redes sociais.

Os advogados de Jamie Spears dizem que o pai da cantora fez um excelente trabalho a gerir as finanças da filha. Mas um juiz decidiu em fevereiro que, tanto o pai de Spears quanto a empresa Bessemer Trust, supervisionariam as finanças da estrela pop, negando a tentativa de Jamie Spears de manter o poder exclusivo.

Num comunicado lido no tribunal, um advogado do pai disse que o seu cliente sofria "ao saber que ela estava a passar por tanta dor" e que ele "ama muito" a filha.