Horas antes do concerto que esgotou cerca de duas semanas depois do início da venda de bilhetes, Branko conta como a “palavra 'esgotado' tem sempre um peso no ânimo geral em torno do concerto e do dia”.

Na digressão antes da anunciada pausa, os Buraka passaram recentemente por Amesterdão e Roterdão, na Holanda, Berlim, Paris, Londres, Bruxelas e Lausana (Suíça).

No calendário, seguem-se três cidades norte-americanas, com a derradeira despedida a acontecer a 1 de julho, em Lisboa, com um ‘mini-festival’.

Neste fim de ciclo, Branko, Blaya, Conductor, Kalaf e Riot quiseram “voltar aos sítios em que foram felizes” e a continuar a privilegiar salas que “acolhessem bem o concerto”, além de “fazer celebrações”.

“Foi bonito fazermos este chamamento e queremos ver todos e celebrar isto pela última vez, pelo menos nos próximos tempos. Conseguir fechar as coisas assim, acaba por ser o ponto positivo de tudo”, resume Branko à agência Lusa, sem esconder que a nostalgia já se sente.

“Quanto mais se fala nisso, vai ficando pior”, diz o músico, que confessa que, nesta última década, excetuando a família e outros assuntos pessoais, a banda foi a “prioridade número um para tudo”.

Por um lado fica agora a “sensação de ter construído algo grande para nós” e, por outro, a ”vontade de experimentar outras coisas”, como projetos a solo e eventuais eventos em volta da “sonoridade que se anda a pregar pelo mundo, ou seja o “‘mash up’ cultural”, segundo Branko.

Relatando o seu projeto televisivo de andar por cidades como Joanesburgo ou São Paulo, apresentar experiências de música eletrónica, o músico antevê que sejam as “pequenas experiências” que podem ditar a inspiração, no caso de uma eventual reunião dos elementos dos Buraka.

Acerca das críticas da banda Moonspell a um artigo, que garantia o maior reconhecimento internacional do Kuduro, em relação a outros projetos portugueses, Branko admitiu estar um “bocado surpreendido por tanta atenção” ao assunto, mas escusou-se a acrescentar comentários. “Não é diretamente connosco”, nota o músico.

Certos são os planos para o concerto de 1 de julho, em Lisboa, para combinar a ‘tradição’ do kuduro progressivo e sons de outras bandas.

“Vamos tentar criar um mini-festival de outros projetos, que têm a mesma linguagem ou a mesma atitude que os Buraka Som Sistema têm. Coisas do Brasil ou do Peru” para que Lisboa assista à “celebração da musica eletrónica global”, antecipa Branko, ou seja, João Barbosa.

No passado fim de semana, foram os públicos de Bruxelas e de Lausana a assistir à digressão final, sem já o habitual vídeo a servir de cenário, mas com os símbolos dos três álbuns lançados ("Black Diamond", "Komba" e "Buraka").

À saída do concerto, a mãe Alexandra, portuguesa residente há 19 anos em Bruxelas, e ‘repetente’ nos concertos dos Buraka, não poupou elogios ao desempenho em palco, e espera que a pausa “seja apenas uma má notícia” - pode ser que “eles depois se arrependam”.

A filha Beatriz nota ser a terceira vez que assiste ao desempenho e confessa ter sido a mãe que impulsionou a vinda à sala de espectáculos do centro de Bruxelas: “Foi a minha mãe que me convenceu. Cheguei hoje de Lisboa e fomos comprar um bilhete à porta, foi por acaso, nem sequer sabia que vínhamos".

Desafiados a cantar "Buraka", o filho Pedro também se junta ao coro familiar e a escolha não foge ao ‘clássico’"Wegue Wegue”.