“A surpresa vai ser este novo disco [editado em maio do ano passado], que vou cantar na íntegra, alguns temas antigos e algumas outras surpresas”, disse o fadista em entrevista à agência Lusa.

Questionado sobre quais as surpresas, o fadista afirmou: “Será cantar fados que não se está à espera que eu cante, ou talvez um inédito”.

No palco de Belém, a acompanhá-lo, vai estar o trio habitual: José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença, na viola, e Paulo Paz, no contrabaixo.

O álbum “Infinito presente” inclui um inédito de Alain Oulman, “A Correr”, com um poema de Manuela de Freitas, e duas composições de José Júlio Paiva, bisavô do fadista.

À Lusa, Camané, que já tinha gravado composições de Oulman, no álbum “Do amor e dos dias”, de 2010, afirmou-se um fã do compositor e perguntou ao filho, Nicholas Oulman, se não se encontraria mais alguma composição do pai.

Surgiu assim uma que “se adaptou perfeitamente a um poema de Manuela de Freitas”, autora que o Camané canta regularmente.

“Sempre fui um fã do Alain Oulman, desde os álbuns ‘Com que voz’ e ‘Busto’ de Amália Rodrigues, que era a grande inspiradora do Alain”, afirmou à Lusa o fadista.

“Já na antologia ‘O Melhor de Camané 1995-2013”, inclui a ‘Ai, Silvininha, Silvininha’, também do Alain”, recordou.

Quanto a seu bisavô, José Júlio Paiva, natural da Murtosa, nos arredores de Aveiro, Camané afirmou: “Só consegui ouvir o meu bisavô há dois anos. Sabia da existência [dos discos] dele. Estão referenciados no livro ‘Ídolos do fado’ [de A. Victor Machado, editado em 1937], mas estavam perdidos nos Estados Unidos, e foi um colecionador que os recuperou [José Moças] e me deu a ouvir”.

“São músicas fantásticas. Para um deles, o Fado Espanhol, escolhi um poema de Fernando Pessoa, ‘Aqui está-se sossegado’, e supostamente tem alguma influência do fado de Coimbra, até porque ele era dali, de relativamente perto”.

Quanto à outra música, “completamente um fado tradicional de Lisboa”, o “Fado Complementar”, escolheu um poema do frade seiscentista António Chagas, “Conta e tempo”, um frade a prestar contas a Deus da vida, “que, de certa forma, tem tudo a ver com este ‘Infinito presente’”.

Depois de Lisboa, o fadista, acompanhado pelo mesmo trio, atuará, no dia 29, no Coliseu do Porto, e, a 07 de maio, na Arena d’Évora. Pelo meio vai atuar em Saint-Maurice, na Suíça, no Théâtre Du Martolet, no dia 30 de abril.