O novo álbum de Teresinha Landeiro, “Para Dançar e Chorar”, é uma viagem através das novas sonoridades com que a fadista se foi cruzando e um desafio ao cantar composições de outros autores.

“Para Cantar e Chorar” é o terceiro álbum da fadista e chega ao mercado na sexta-feira, sucedendo a “Voltar” (2021).

“É uma viagem minha através das novas sonoridades com que me fui cruzando, além do fado, estes compositores que eu canto trazem essas sonoridades para o disco, mas eu continuo sempre a afirmar-me como fadista e a fazer questão de cantar com o trio de fado, apesar de entrarem outros instrumentos como um cavaquinho, uma braguinha ou uma guitarra elétrica, de vez em quando, mas a essência é essa”, afirmou à Lusa.

Neste álbum, Teresinha Landeiro é acompanhada em todos os temas pelos músicos Pedro de Castro, na guitarra portuguesa, André Ramos, na viola, Francisco Gaspar, na viola baixo, aos quais se junta, pontualmente, André Santos, na braguinha e guitarra elétrica.

Teresinha Landeiro disse que “estruturar este disco foi desafiante” porque decidiu convidar outras pessoas.

“O ter convidado outras pessoas a participar no disco traz um acréscimo de responsabilidade, que é cantar outras pessoas, trazer um outro universo musical para o disco, e há que perceber quais as canções que têm a ver comigo, o que fazia e não fazia sentido gravar. Há todo um processo de recolha e interiorização, que foi muito interessante e diferente do que aconteceu nos outros discos”, declarou.

Sobre o álbum, Landeiro realçou “que há sempre uma base de fado”.

“Chegou a Hora” (Milhanas) abre o álbum, seguindo-se “O Pedido” (Francisco Guimarães/Fado Menor do Porto, de José Cavalheiro Jr). A lista de autores escolhidos conta com nomes como Beatriz Pessoa, Jorge Cruz, Maro, ou Mário Laginha, que já colaborou, entre outros, com o fadista Camané.

“Neste CD, também tive vontade de escrever – eu acho que não consigo não escrever -, e metade do disco acaba por ser escrito por mim, mas senti-me um bocadinho presa numa ilha musical e às vezes, acabava por cair sempre nas mesmas temáticas, então, tive vontade de experimentar outras escritas e outras formas de falar sobre os assuntos e então achei que isso era um desafio maior do que arriscar-me a escrever o disco sozinha”, disse.

A fadista acrescentou: “É a primeira vez que acontece escreverem diretamente para mim, as canções que foram realmente feitas para mim e ter que as interpretar, sem nunca as ter ouvido. Porque os outros discos foram feitos pelas minhas composições ou coisas que me tinha habituado a ouvir desde miúda e que já sabia como era”.

“E agora tive que tornar essas canções minhas e esse foi talvez o maior desafio, e eu senti que precisava de um desafio novo”, disse à Lusa.

A escolha dos autores foi de Teresinha Landeiro. “Comecei a pensar que artistas me inspiravam, e que gostaria de cantar, e cheguei a estes artistas, cada um me inspira de maneiras diferentes”.

Teresinha Landeiro assina a letra de “Aurora”, que Beatriz Pessoa musicou, “Cada Um, Um Lugar”, musicado por Pedro de Castro, a letra e música de “Visita Inesperada”, e ainda “Folclore dos Avós”, uma canção popular da aldeia de Aranhas, na qual inclui palvaras suas.

Questionada sobre a escolha do título do álbum, “Para Dançar e Chorar”, a fadista de Azeitão, que completa 28 anos no início de março, explicou: “Eu acho que foi uma justificação para eu cantar folclore à minha vontade, porque eu adoro cantar folclore, eu cresci com o meu avô a cantar-me folclore, e é uma raiz muito forte no meu canto”.

Teresinha Landeiro vai apresentar “Para Dançar e Chorar” no próximo dias 9 de março, no Teatro Aveirense, em Aveiro, e no dia 26, no Teatro Municipal Maria Matos, em Lisboa.

Teresinha Landeiro cantou pela primeira vez em público, aos 12 anos, na casa de fados Bacalhau de Molho, atual Casa de Linhares. Aos 16 anos começou a cantar noutra casa do bairro lisboeta de Alfama, Mesa de Frades, do músico Pedro de Castro.

Aos 18 anos, a convite do Museu do Fado, estreou-se no Centro Cultural de Belém, no âmbito do ciclo “Há Fado no Cais”.

Em 2018, dez anos depois de se ter apresentado à Grande Noite do Fado de Lisboa, editou o seu álbum de estreia “Namoro”.