“É, sem dúvida, um encontro simbólico e importante nesta grande família das violas pequeninas. É a primeira vez que cavaquinho e ukulele estão no mesmo palco, através de dois músicos profissionais”, explicou à Lusa Júlio Pereira.

O músico, autor do álbum "Cavaquinho.pt", de 2014, estará em palco com o canadiano James Hill, tocador de ukelele, o instrumento que resultou do cavaquinho português.

O concerto é uma iniciativa do consulado português de Newark, que pediu a Júlio Pereira que sugerisse um tocador de ukelele para o acompanhar naquela noite.

“Conheço o James de há uns anos, através da 'web'. É um bom músico e um dos melhores tocadores de ukulele”, diz Pereira.

Cada artista apresentará o seu espetáculo, mas surgirão juntos em algum momento, para interpretar alguns temas.

O concerto acontece no New Jersey Performing Arts Center (NJPAC), a sala de espetáculos mais importante deste estado norte-americano, que já no ano passado acolheu o concerto celebratório do Dia de Portugal.

“É uma sala especial e um local dignificante para a nossa cultura. Foi muito bom ver, no ano passado, o orgulho da comunidade ao ver a sua cultura representada neste espaço. Acredito que isso se vai repetir este ano”, disse à Lusa o cônsul de Portugal em Newark, Pedro Oliveira.

Pedro Oliveira convidou também a ilustradora Cristiana Couceiro, que trabalha para publicações como The New York Times, The New Yorker e o Washington Post, para desenhar o cartaz do espetáculo.

O ukelele é um instrumento que deriva do cavaquinho, introduzido nos EUA, sobretudo nas ilhas do Havai, por imigrantes portugueses.

“Numa investigação que fiz na Internet, há cerca de quatro anos, visitando cerca de 1500 'sites', dei-me conta de que os norte-americanos, em geral, referenciam o ukulele como vindo dos portugueses. E fazem-no com afecto, mas não conhecem o seu som, nem a música que dele sai”, explicou à Lusa Júlio Pereira.

O músico acredita que o facto de o concerto acontecer no NJPAC, fora dos espaços habituais da comunidade, vai “contribuir para que o cavaquinho seja conhecido” por outros públicos.

“Gostaria que esta primeira vez fosse um abrir de portas para o futuro entre os EUA e Portugal, em relação a estes dois instrumentos musicais, sobretudo numa altura tão importante para Portugal, no que toca à prática do cavaquinho”, diz o músico.

Em 2013, foi constituída a Associação Cultural Museu Cavaquinho, presidida por Júlio Pereira, com o objetivo de documentar, promover e preservar a prática deste instrumento.

Dentro de dois meses, a associação vai entregar, na Direção-Geral do Património Cultural, a documentação necessária relacionada com os saberes e técnicas dos construtores de cavaquinho

Pereira destaca ainda o Alto Patrocínio que a associação recebeu do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O músico gostava ainda de apresentar nos EUA a exposição “70 Cavaquinhos 70 Artistas”, que contou com a colaboração de artistas como Pedro Cabrita Reis, Júlio Pomar e Julião Sarmento, e que já se realizou em nove cidades portuguesas e na Feira de Arte Contemporânea de Montreux, na Suíça.

“Inaugurou em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, e teve mais de 40.000 visitas no espaço de 40 dias. Esta exposição pode ser requisitada por qualquer entidade que a deseje realizar nos EUA", explica o músico.