O lendário tenor espanhol Plácido Domingo renunciou esta quarta-feira (2) ao seu cargo de diretor-geral da Ópera de Los Angeles, cercado de denúncias de assédio sexual que ameaçam terminar a sua carreira nos Estados Unidos.
"As recentes acusações feitas contra mim na imprensa criaram uma atmosfera em que minha capacidade de servir esta companhia que tanto amo foi comprometida", escreveu ele em comunicado enviado à AFP.
"Embora vá continuar a trabalhar para limpar meu nome, decidi que é do melhor interesse da LA Opera que renuncie ao cargo de diretor e me retire de minhas futuras apresentações programadas", acrescentou. "Faço isso com o coração pesado e, ao mesmo tempo, desejo transmitir ao conselho de diretores da companhia e à equipa de trabalho os meus mais profundos desejos de que a Ópera de Los Angeles continue a crescer e a destacar-se".
Domingo, 78 anos, apelidado de "rei da ópera", era desde 2003 o diretor-geral da companhia, que ajudou a fundar.
A decisão foi tomada uma semana após também renunciar às suas apresentações na Ópera de Nova Iorque, um dia antes de lançar "Macbeth" nos palcos.
Com a sua partida de Los Angeles, o espanhol fica sem compromissos nos Estados Unidos. A orquestra da Filadélfia e as óperas de São Francisco e Dallas cancelaram as suas apresentações.
Em agosto, oito cantoras líricas e uma bailarina contaram à Associated Press sobre incidentes que ocorreram na década de 1980. Uma mulher disse que Domingo colocou a mão debaixo da sua saia e outras três disseram que ele as beijou à força.
Uma nota posterior da agência de notícias norte-americana citou outras 11 mulheres, incluindo uma que disse que ele agarrou os seus seios.
Estas acusações sugerem que o cantor agiu impunemente, protegido pelo seu poder como uma das principais estrelas da ópera.
Domingo agora tem uma série de eventos europeus na agenda, incluindo em Zurique a 13 de outubro e em Moscovo a 17 de outubro.
Até agora, as casas europeias adotaram uma atitude de aguardar as investigações e o tenor até recebeu aplausos nas suas apresentações em Salzburgo e Szeged, na Hungria, poucas semanas após terem sido divulgadas as acusações.
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