Lançado no início de 2021, com sessões online todos os meses para se falar de livros, este projeto terá agora uma segunda edição com algumas novidades, nomeadamente, dois encontros presenciais, anunciou hoje a estrutura Cassandra, em comunicado.

A ideia base desta iniciativa foi a de criar uma comunidade de leitura, que a cada mês lesse um livro proposto e depois o discutisse, partilhando ideias e pensamentos, através de encontros online.

No próximo ano, as sessões online vão manter-se, mas haverá duas sessões presenciais, uma em maio, em Torres Vedras, e outra em novembro, em Joane, no concelho de Vila Nova de Famalicão.

Tal como nos encontros online, os presenciais são de participação aberta e gratuita, possibilitando a que se levem crianças de qualquer idade.

Na lista de livros a ler, podem encontrar-se títulos como “O coração é um caçador solitário”, de Carson McCullers, “Um quarto que seja seu”, de Virginia Woolf, “Rapariga, Mulher, Outra”, de Bernardine Evaristo, ou “Inferior”, de Angela Saini.

Entre as convidadas responsáveis pelas escolhas estão Gisela Casimiro, Andrea Peniche, Angélica Varandas ou Faranaz Keshavjee.

Nos meses dos encontros presenciais, o objetivo é passar a tarde a ler em conjunto os livros “As Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, e “As Mulheres do Meu País”, de Maria Lamas.

Este projeto nasceu no final de 2020, quando Sara Barros Leitão subiu ao palco do Teatro Nacional D. Maria II para receber o Prémio Revelação TNDMII/Ageas e anunciou que iria destinar os 5.000 euros que acabara de receber à criação de um clube do livro feminista.

O nome "Heróides" foi roubado ao livro homónimo de Ovídio, que integra vários poemas epistolares assinados pelas heroínas da mitologia grega e romana, endereçados aos amantes que as maltrataram, sendo este livro muitas vezes descrito como uma obra de autoria masculina e voz feminina.

O clube do livro feminista abriu então inscrições no dia 1 de janeiro de 2021, e, em algumas horas, tinha atingido o limite de 500 participantes.

Nos meses seguintes, voltaram a repetir-se os encontros online, quase sempre no último sábado. Todos os meses, uma convidada ou um convidado escolhia o livro a ser lido e debatido.

“Apesar de seguir uma receita simples, os resultados surpreendem, contando-se um total de 4.188 pessoas inscritas num ano”, indica a organização.

Uma das premissas deste projeto é desafiar as pessoas a procurarem os livros nas bibliotecas, ou a adquirirem-nos em alfarrabistas ou pequenos livreiros.

Todos os livros escolhidos devem estar traduzidos em português e devem custar menos de 20 euros, para que seja mais acessível a todos os interessados em participar.

No passado mês de outubro, numa parceria com a Editorial Presença, foram deixados exemplares do livro “Beloved”, de Toni Morrison, espalhados gratuitamente nas ruas de algumas cidades.

As Heróides impulsionaram também a autora Raquel Freire a reeditar o seu livro “Trans Iberic Love”, que estava esgotado há anos na editora, que entretanto tinha fechado.

Esta segunda edição das “Heróides - clube do livro feminista” tem curadoria partilhada entre Sara Barros Leitão e Andreia Nascimento, que participou em todas as sessões do último ano e que agora se junta à equipa.