O casal Rui e Rosário Dias, do Porto, já não ia a um grande concerto desde que tinha visto o espetáculo "Fantasma da Ópera" na sua cidade e, a poucos minutos de entrar no Estádio Cidade de Coimbra, onde Bocelli deu o primeiro de dois concertos, olhava para a massa de gente que fazia fila e encontrava "uma normalidade ainda um bocadinho estranha".
"Usamos máscaras e há confiança na organização", contou à agência Lusa Rosário Dias, salientando que espera que este seja um primeiro passo para o regresso dos grandes concertos, especialmente de alguns artistas.
"Se trouxessem o Bob Dylan, ia já", confessou.
Por volta das 21h00, já eram visíveis filas enormes de um público diverso - desde casais vestidos a preceito, como se de uma gala se tratasse, a pessoas com t-shirts de bandas como AC/DC.
As filas, nem sempre com o distanciamento recomendado, davam a volta ao Estádio Cidade de Coimbra, onde na zona envolvente algumas ruas foram encerradas, o estacionamento interdito e as esplanadas fechadas.
Para entrar no estádio, havia controlo da temperatura e dos bilhetes, mas sem necessidade de apresentação de teste COVID-19, por a venda dos ingressos para os dois concertos se ter iniciado antes da data da atualização da norma que veio impor a obrigatoriedade de testes, a partir de um determinado número de espectadores.
Perto das 22h00, o público já preenchia grande parte dos 13.450 lugares (cerca de metade da capacidade do recinto desportivo), ao som de um instrumental de jazz.
"Ainda pensámos se devíamos devolver o bilhete ou não, mas decidimos vir, porque isto é uma questão mental", afirmou Tiago Lourenço, de 58 anos, de Lisboa, que tinha comprado bilhete antes da pandemia, quando o concerto estava previsto para 04 de julho de 2020.
Para Ana Lourenço, há "uma grande confiança", esperando que o espetáculo possa ser um sinal da retoma dos grandes eventos culturais, "desde que as pessoas não baixem a guarda".
Também Joana Rodrigues, de Coimbra, comprou o bilhete antes da pandemia da COVID-19.
"Ainda ponderei, mas decidi vir. Há saudades e, ainda por cima com este tempo ótimo, as saudades ainda são maiores", frisou.
Segundo a conimbricense, o concerto é "um cheirinho do regresso à normalidade", de se poder estar com quem se gosta, "a viver bons momentos".
Já Anabela Reis, de 58 anos, comprou o bilhete na semana passada, depois de "uns dois anos" sem ver um grande espetáculo.
As razões para ter decidido vir até Coimbra são várias: "Gostava muito de ver o Bocelli, a pandemia acalmou, pelo menos na minha zona, é ao ar livre e estou vacinada".
"Sabe muito bem", resumiu a habitante de Felgueiras.
Uma voz, às 22h10, vincou as regras que o público tinha de seguir, informando de seguida que o concerto iria começar dentro de dez minutos.
Dez minutos depois, tal como prometido, o concerto começou ao som de "Farandole", andamento da suite "Arlesienne", de Bizet, tocado pela orquestra, com o tenor italiano a ter sido recebido com um forte aplauso assim que surgiu em palco.
Seguiu-se um clássico, "La Donna è Mobile", ária da ópera "Rigoletto", de Verdi, também muito aplaudida pelo público.
"É fantástico estar aqui. Obrigado", disse o tenor, no final dessa canção.
Este sábado, Bocelli dá o segundo concerto no Estádio Cidade de Coimbra, os dois com a participação especial da fadista Mariza.
Esta é a primeira vez que o tenor atua em Portugal num estádio de futebol, depois de, em 2017, ter esgotado a Altice Arena, em Lisboa.
Andrea Bocelli deveria ter atuado em Coimbra, no dia 4 de julho de 2020, no âmbito das festas da cidade, mas o concerto foi cancelado devido à pandemia, que chegara a Portugal em março.
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