O casal Rui e Rosário Dias, do Porto, já não ia a um grande concerto desde que tinha visto o espetáculo "Fantasma da Ópera" na sua cidade e, a poucos minutos de entrar no Estádio Cidade de Coimbra, onde Bocelli deu o primeiro de dois concertos, olhava para a massa de gente que fazia fila e encontrava "uma normalidade ainda um bocadinho estranha".

"Usamos máscaras e há confiança na organização", contou à agência Lusa Rosário Dias, salientando que espera que este seja um primeiro passo para o regresso dos grandes concertos, especialmente de alguns artistas.

"Se trouxessem o Bob Dylan, ia já", confessou.

Por volta das 21h00, já eram visíveis filas enormes de um público diverso - desde casais vestidos a preceito, como se de uma gala se tratasse, a pessoas com t-shirts de bandas como AC/DC.

Concerto de Andrea Bocelli
Concerto de Andrea Bocelli

As filas, nem sempre com o distanciamento recomendado, davam a volta ao Estádio Cidade de Coimbra, onde na zona envolvente algumas ruas foram encerradas, o estacionamento interdito e as esplanadas fechadas.

Para entrar no estádio, havia controlo da temperatura e dos bilhetes, mas sem necessidade de apresentação de teste COVID-19, por a venda dos ingressos para os dois concertos se ter iniciado antes da data da atualização da norma que veio impor a obrigatoriedade de testes, a partir de um determinado número de espectadores.

Perto das 22h00, o público já preenchia grande parte dos 13.450 lugares (cerca de metade da capacidade do recinto desportivo), ao som de um instrumental de jazz.

"Ainda pensámos se devíamos devolver o bilhete ou não, mas decidimos vir, porque isto é uma questão mental", afirmou Tiago Lourenço, de 58 anos, de Lisboa, que tinha comprado bilhete antes da pandemia, quando o concerto estava previsto para 04 de julho de 2020.

Concerto de Andrea Bocelli
Concerto de Andrea Bocelli

Para Ana Lourenço, há "uma grande confiança", esperando que o espetáculo possa ser um sinal da retoma dos grandes eventos culturais, "desde que as pessoas não baixem a guarda".

Também Joana Rodrigues, de Coimbra, comprou o bilhete antes da pandemia da COVID-19.

"Ainda ponderei, mas decidi vir. Há saudades e, ainda por cima com este tempo ótimo, as saudades ainda são maiores", frisou.

Segundo a conimbricense, o concerto é "um cheirinho do regresso à normalidade", de se poder estar com quem se gosta, "a viver bons momentos".

Já Anabela Reis, de 58 anos, comprou o bilhete na semana passada, depois de "uns dois anos" sem ver um grande espetáculo.

Concerto de Andrea Bocelli
Concerto de Andrea Bocelli

As razões para ter decidido vir até Coimbra são várias: "Gostava muito de ver o Bocelli, a pandemia acalmou, pelo menos na minha zona, é ao ar livre e estou vacinada".

"Sabe muito bem", resumiu a habitante de Felgueiras.

Uma voz, às 22h10, vincou as regras que o público tinha de seguir, informando de seguida que o concerto iria começar dentro de dez minutos.

Dez minutos depois, tal como prometido, o concerto começou ao som de "Farandole", andamento da suite "Arlesienne", de Bizet, tocado pela orquestra, com o tenor italiano a ter sido recebido com um forte aplauso assim que surgiu em palco.

Seguiu-se um clássico, "La Donna è Mobile", ária da ópera "Rigoletto", de Verdi, também muito aplaudida pelo público.

Concerto de Andrea Bocelli
Concerto de Andrea Bocelli

"É fantástico estar aqui. Obrigado", disse o tenor, no final dessa canção.

Este sábado, Bocelli dá o segundo concerto no Estádio Cidade de Coimbra, os dois com a participação especial da fadista Mariza.

Esta é a primeira vez que o tenor atua em Portugal num estádio de futebol, depois de, em 2017, ter esgotado a Altice Arena, em Lisboa.

Andrea Bocelli deveria ter atuado em Coimbra, no dia 4 de julho de 2020, no âmbito das festas da cidade, mas o concerto foi cancelado devido à pandemia, que chegara a Portugal em março.