O compositor norte-americano Harold Budd, nome maior da música ambiente do século XX, morreu, na terça-feira (8), aos 84 anos, vítima de “complicações de covid-19”, segundo uma publicação na sua página oficial de Facebook.

“Obrigado a todos os amigos e fãs que, de forma tão maravilhosa, o apoiaram ao longo dos anos. Pedimos que, por favor, respeitem a privacidade da família durante este tempo difícil”, pode ler-se na mensagem.

Colaborador frequente de nomes como Brian Eno e Cocteau Twins, influenciado por compositores como Morton Feldman e Terry Riley, Harold Budd tinha uma afinidade às artes, com destaque para expressionistas abstratos como Mark Rothtko.

Um texto no jornal britânico The Guardian lembra que o género de música criado por artistas como Budd ganhou uma nova dimensão este ano, devido ao confinamento, mas “música ambiente” era uma denominação estranha ao compositor norte-americano, apesar de ser considerado um dos seus “padrinhos”: “A palavra ‘ambiente’ não me diz nada. É suposto significar algo, mas, não tem sentido. Não é relevante para mim. O meu estilo é a única coisa que consigo fazer bem. Não penso em géneros. Não penso em rótulos, não têm significados”.

Harold Budd nasceu em Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia, em 1936. Quando tinha 21 anos, decidiu inscrever-se num curso de teoria musical numa faculdade comunitária local, depois de um período da vida em que o jazz foi o género mais presente.

Depois de ter tocado bateria numa banda do exército com o saxofonista Albert Ayler, Harold Budd estudou com Gerald Stang, um “protegido” de Schoenberg.

“Como vários dos compositores californianos da sua geração, interessou-se nas formas mais meditativas de música, na ideia de um ambiente musical controlado e num sentido de espiritualidade não-doutrinária”, pode ler-se na biografia publicada pelo seu ‘site’.

Afastado da “música de padrões” de Philip Glass e de Steve Reich, Budd ficou fascinado por música medieval e da Renascença, tendo assumido a interpretação ao piano depois de ter discordado da forma como uma das suas peças foi tocada.

Em 1978, Budd lança “The Pavilion of Dreams”, produzido por Brian Eno, que o compositor considerou o seu “nascimento enquanto artista sério”.

Budd viveu no Reino Unido entre 1986 e 1991, tendo sido aí que iniciou os trabalhos em conjunto com Robin Guthrie, dos Cocteau Twins. Veio ainda a colaborar com Andy Partridge, dos XTC, Hector Zazou, Jah Wobble, John Foxx, de Ultravox, Fila Brazilia, entre outros.

Budd fez também bandas sonoras, como as de, entre outras, “Mysterious Skin” e “Pássaro Branco”, de Gregg Araki, ambas com Robin Guthrie.

Mais recentemente, Harold Budd compôs a banda sonora da série da HBO “I Know This Much is True”.