“Quando eu li nas notícias sobre a situação pandémica em Portugal, em janeiro, fiquei muito triste. Pensei que tínhamos de fazer algo para trazer conforto, somos todos da família europeia. Precisamos não só de um mercado comum, uma moeda, mas também de solidariedade e de um sentimento europeu”, partilhou Stephanie Müller-Bromley, criadora e coordenadora do coro.
A advogada alemã criou o coro 'mollmäuse' há praticamente dez anos. Tem o escritório principal em Tecklenburg, mas viaja uma vez por mês a Portugal, onde também tem vários clientes das duas nacionalidades. Mas não é apenas o trabalho que a motiva.
“Tenho uma ligação muito forte com Portugal e o povo português, gosto muito da cultura, do fado. Não posso imaginar viver sem viajar para Portugal”, contou à Lusa, ao telefone, desde a ilha da Madeira.
O coro, com crianças que frequentam a escola primária, escrevem e interpretam músicas com temáticas como a questão da violência doméstica, a solidariedade com os artistas e as dificuldades que atravessam durante a pandemia de COVID-19, ou os desafios do confinamento.
“Portugal, meu amigo!”, com letra em alemão e português, já teve mais de 800 visualizações na plataforma Youtube. A música fala de “um pássaro com asas partidas, que precisa de tempo para recuperar”, mas que “voará um dia novamente no ar”.
“Convidei o meu coro infantil, e também os pais, para gravar a música e enviar por email para mim. Nós produzimos a música. Também convidei a comunidade portuguesa na Alemanha, que é muito grande e forte, e recebi também gravações. No fim, produzimos a música e publicámos no Youtube”, revelou Stephanie Müller-Bromley.
“Enviei o link para várias embaixadas de Portugal. Recebi respostas das embaixadas em Berlim e Viena. Fiquei feliz, as crianças também, porque a canção chegou e foi ouvida”, confessou a advogada.
Portugal foi, durante parte dos meses de janeiro e fevereiro, o pior país na avaliação do número de novos casos por cem mil habitantes. Também no 'ranking' dos 30 países analisados pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças, Portugal foi o que registou o maior número de mortos por milhão de habitantes.
“Pensei em fazermos uma música para dar conforto, para que as pessoas saibam que não estão sozinhas, que alguém na Alemanha está a pensar neles”, sublinhou a coordenadora do curso.
Stephanie Müller-Bromley acredita serem importantes estes gestos para que a “família europeia” fique “ainda mais junta”.
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