Após dois meses de encerramento devido à pandemia COVID-19, as duas galerias retomam as duas exposições que tinham patentes desde janeiro, e também a livraria nas instalações da capital vão reabrir aos visitantes, com uso obrigatório de máscara e limitação de entradas.

Na galeria de Lisboa, estará patente a exposição "Lendo Resolve-se: Álvaro Lapa e a literatura", com curadoria de Óscar Faria, centrada na relação de Álvaro Lapa (1939-2006) com a literatura, e que agora se estenderá até 26 de julho, em vez do encerramento em abril, inicialmente previsto.

A mostra está organizada como se de um livro se tratasse: inicia-se com um prólogo, prossegue através de vários capítulos - correspondentes a tópicos recorrentes na produção do artista - e termina com um epílogo.

Nesta exposição foram reunidos quadros, documentos e outros trabalhos de Álvaro Lapa, dando conta das relações entre as dimensões plástica e literária do artista e das criações relacionadas com os 21 nomes homenageados nos seus "cadernos": Homero, Pessoa, Kafka, William Burroughs, Beckett, entre outros escritores maiores, evocados em pinturas realizadas entre 1975 e 2005, um ano antes da morte do artista.

"Esta é a primeira apresentação exaustiva de um conjunto significativo de trabalhos visuais, material documental e da biblioteca pessoal de Álvaro Lapa e uma oportunidade rara para conhecer um dos projetos mais relevantes da arte portuguesa do século XX", salienta a Culturgest sobre a exposição, que ficará patente até 26 de junho.

A mostra inclui igualmente uma reconstrução possível da biblioteca de Álvaro Lapa, com as suas prateleiras, os seus livros e os seus autores de eleição, preenchendo por completo uma das paredes da galeria.

Na Porto, reabre a exposição "Sol Cego", de Elisa Strina, com curadoria de Delfim Sardo, que agora se estende até 30 de agosto, três meses além da data de fecho inicialmente prevista.

Nascida em Pádua, Itália, em 1982, a artista Elisa Strinna "tem desenvolvido um trabalho sistemático sobre as relações entre os fluxos de comunicação e as tecnologias que permitem a sua condução e distribuição e o humano", refere a Culturgest, em comunicado.

As suas obras de escultura, vídeo, som e performance "partem da ideia física de condutores e cablagens, apresentadas como se pertencessem a um tempo perdido, uma referência à decadência inevitável do novo".

Para a Culturgest, Strinna realizou uma instalação imersiva "a partir da constatação de que o fundo do oceano está juncado de cabos subaquáticos", que se insere no projeto Reação em Cadeia.

Aquilo a que se chama "nuvem" nas tecnologias digitais é conduzido por via subaquática, "numa porosidade temporal que convoca uma certa noção de nostalgia", numa obra que representa o corolário do percurso iniciado em 2018, na sua residência na Jan Van Eyck Academie de Maastricht, na Holanda.

Desenvolveu ainda um trabalho sonoro, que é apresentado pela primeira vez na Culturgest.