De acordo com a Companhia Olga Roriz, a nova peça coreográfica - estreada no Dia Mundial da Dança, em abril, em Aveiro - vai ser apresentada pela primeira vez na capital portuguesa.

A coreógrafa quis que a guerra na Síria fosse o palco de "Antes que matem os Elefantes", uma peça de dança que criou como alerta para uma reflexão coletiva sobre o conflito naquele país.

Logo no início de "Antes que matem os Elefantes" é exibido um vídeo de seis minutos, sem imagens, apenas com legendas, com depoimentos de crianças, a maior parte delas a viver em Alepo, na Síria.

No vídeo, as crianças que aparecem a dar o seu depoimento passam fome, algumas ficaram órfãs, perderam irmãos, familiares, estão perturbadas, e as vozes e as palavras constituem "um alerta" para o público, explicou à Lusa a coreógrafa, em abril.

Em palco, estarão sete bailarinos que se movem num apartamento destruído, e o conflito - que continua a provocar fome, violência, morte e a lançar o país no caos - é apresentado de forma intensa.

"Quero que as pessoas pensem nisto: está longe, mas está perto. É uma forma muito delicada, mas muito profunda, de alertar o público para as coisas; ficam imagens muito fortes, mais do que no telejornal", sustenta a coreógrafa e bailarina.

"Antes que matem os Elefantes" começou a germinar há mais de um ano, com base numa ideia para uma peça sobre um grupo de pessoas à procura de um lugar, que chegou a passar pela situação dos refugiados no Mediterrâneo, mas depois assentou no conflito na Síria.

A coreografia de "Antes que matem os Elefantes" é de Olga Roriz, a seleção musical é de Olga Roriz e João Rapozo, a cenografia e figurinos de Olga Roriz e Paulo Reis, desenho de luz de Cristina da Piedade, vídeo e pós-produção de áudio de João Raposo.

A Companhia Olga Roriz está a realizar uma digressão com a peça coreográfica por várias cidades: depois do Teatro Camões, em Lisboa, seguem-se o Teatro Municipal Sá de Miranda, em Viana do Castelo (23 de setembro), Teatro Municipal de Bragança (29 de outubro) e Teatro Nacional de São João, no Porto (26,27 e 28 de janeiro de 2017).

No ano passado, Olga Roriz assinalou 20 anos da companhia em nome próprio e 40 anos de carreira com a apresentação da peça "Propriedade Privada" (1996), no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.