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“Do Deslumbramento”, uma criação encenada por Miguel Seabra, é o nome da 66.ª produção do Teatro Meridional, no ano em que assinala o 30.º aniversário. É também um espetáculo “sobre o que andamos aqui a fazer no mundo, sobre a importância dos relacionamentos, da ausência e da presença”.
"É o significado da presença, é o deslumbre que pode ser um espetáculo ao vivo e ter a oportunidade de contracenar com o público”, referiu o encenador, ressalvando, contudo que, apesar de se tratar de “uma paixão humana, uma espécie de vibração e intensidade humana”, “não tem a ver com afeto, a sexualidade e sensualidade”.
“Do Deslumbramento” é sobre “uma receção efusiva de um acontecimento, de um acontecimento pouco comum”.
Nesse caso, surgiu quando Miguel Seabra, um dos diretores artísticos do Teatro Meridional, presenciou a interpretação de Bárbara Branco no espetáculo “Bruscamente no verão passado”.
O texto do dramaturgo norte-americano Tennessee Williams, com encenação de Carlos Avilez, esteve em cena no Teatro Experimental de Cascais (TEC), no verão de 2020.
Nesse dia de agosto em que assistiu à peça, Miguel Seabra confessa que teve uma perceção que o “entusiasmou muito”, principalmente "do ponto de vista artístico”.
Depois, no dia seguinte, em conversa com a cenógrafa e figurinista Marta Carreiras, que trabalhou muitos anos com o Meridional, contou-lhe o “entusiasmo e a descoberta”, ao que ela lhe perguntou por que não fazia um espetáculo sobre a perceção que tivera.
O assunto foi depois conversado com a outra diretora artística do Meridional, Natália Luiza, tendo a ideia avançado e ambos decidido convidarem Ana Lázaro para escrever o texto.
“Um texto que foi escrito a partir de um cruzamento de memórias pessoais, minhas, e portanto tem esse ponto explicado e de exposição, mas está muito bem defendido, muito bem integrado”, explicou Miguel Seabra.
O que está em cena “é o Miguel Seabra ser humano, como podia ser qualquer outra pessoa”, ressalvou.
Miguel Seabra falou depois com a atriz Bárbara Branco, que ficou agradada com a ideia, e que se juntou ao elenco.
Miguel e Bárbara – interpretada pelos próprios – e a memória de Miguel (Nuno Nunes) são as personagens “Do deslumbramento”, cujo texto original Ana Lázaro foi cruzando com partes da peça de Tennessee Williams.
Apesar de “Do Deslumbramento” se tratar de um espetáculo “com uma grande projeção autobiográfica”, é, sobretudo, um espetáculo sobre “a memória, a efemeridade, a importância de fixarmos sensações únicas e fortes”.
“Eu diria é que sobre o trabalho dos atores, sobre a memória, (…) é o deslumbre que pode ser um espetáculo ao vivo e ter a oportunidade de contracenar com o público”, frisou Miguel Seabra.
É assim uma “paixão humana” sem nada a ver com “afeto, sexualidade e sensualidade”, sublinhou.
A partir de uma ideia original de Marta Carreiras e de conversas com os atores, “Do deslumbramento” tem espaço cénico e figurinos de Hugo F. Matos e música original e espaço sonoro de Sérgio Delgado.
Com desenho de luz de Miguel Seabra, a peça vai estar em cena no Teatro Meridional, na Rua do Açúcar, em Lisboa, até 3 de dezembro, com récitas de quarta-feira a sábado, às 20h00, e, ao domingo, às 16h00.
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