A mítica voz de Edith Piaf, que celebraria este sábado, 19 de dezembro, 100 anos, continua a ser uma referência no mundo da música. Em França, país natal, a artista vai ser relembrada com uma série de homenagens, como a publicação de biografias, cartas e novas gravações.
Édith Giovanna Gassion, o nome verdadeiro da cantora, nasceu no número 72 da rua Belleville de Paris, revela há mais de 50 anos uma placa comemorativa. "Nas escadas desta casa nasceu, a 19 de dezembro de 1915, Edith Piaf, cuja voz comoveu o mundo", pode ler-se na placa.
Robert Belleret, autor do livro "Edith Piaf, viver para cantar", explica, no entanto, que na realidade ela nasceu no hospital Tenon, em Paris.
"Ao mesmo tempo, é verdade que graças à sua voz quase sobrenatural esta menina de Paris, esta flor do asfalto, conquistou o mundo e ainda vibra nas nossas memórias", afirma o autor.
Para celebrar centenário do nascimento da cantora, assim como aconteceu há dois anos nos cinquenta anos da sua morte (10 de outubro de 1963), foram publicados diversos livros que lembram a sua carreira, os seus amores e sobretudo as canções da "Môme" Piaf.
O livro de Belleret reproduz documentos oficiais, entre eles a certidão de nascimento, mas também cartazes, cartas e recortes de jornais.
Piaf também protagoniza um livro de memórias da amiga Ginou Richer ("Piaf, mon amie"), uma biografia escrita por Claude Fléoute ("Édith Piaf, dix minutes de bonheur par jour, c'est déjà pas mal") e um livro com uma centena de cartas que escreveu ao seu confidente Jacques Bourgeat entre 1936 e 1959 ("Lettres à l'ami de l'ombre").
2015 foi o ano de Edith Piaf em França. No início do ano, esteve em exposição na Biblioteca Nacional Francesa o espólio da cantora, que incluía, por exemplo, o seu famoso vestido preto. No museu de cera da capital francesa foi também inaugurada uma estátua da cantora que protagonizou, em julho, o festival de música Francofolies, na cidade de Rochelle.
Mas para celebrar o aniversário da cantora, nada melhor que ouvir novamente as suas canções. Apesar de já não existirem temas inéditos por revelar desde 2003, a Warner Music aproveitou o centenário para publicar os arquivos, nomeadamente as canções gravadas por Piaf a partir de 1946.
De acordo com a editora, trata-se de um conjunto de 350 temas, entre eles os mais conhecidos, que foram remasterizados a partir de discos de vinil novos de 78 rotações e de gravações originais, todas elas reunidas em 20 álbuns.
Segundo o diretor artístico da edição, Mathieu Moulin, era um dever atualizar este repertório "sem distorcê-lo", como aconteceu com as primeiras gravações de Piaf, entre 1936 e 1945.
Esta nova edição, explica Moulin, permitiu corrigir imperfeições que existiam em algumas canções. É o caso de "Le bal dans ma rue" (1949), da qual só se conhecia até agora uma versão muito rápida em relação à original.
O trabalho da discografia também permitiu descobrir que Piaf gravou em algumas ocasiões duas versões da mesma canção, como por exemplo "Jezebel" (1951), "Les Amants de Venise" (1953) ou "Heureuse" (1953).
Nas últimas semanas, as músicas de Edith Piaf tornaram-se hinos nas homenagens às vítimas dos atentados de 13 de novembro em Paris. "Hymne à L'Amour" é um dos temas mais cantados, tendo sido interpretado por Celine Dion nos American Music Awards, num tibuto que emocionou o público.
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