“É muito complicado para mim falar sobre ela porque era uma grande amiga, uma enorme atriz, uma mulher extraordinária e um exemplo”, disse à Lusa.

Eunice Muñoz morreu hoje, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos, disse à agência Lusa o filho da atriz.

Nascida na Amareleja, no distrito de Beja, em 1928, Eunice Muñoz completou em novembro 80 anos de carreira.

Carlos Avilez, que a dirigiu em muitas peças emblemáticas, tanto no TEC como no D. Maria II, de que também foi diretor artístico, assumiu que trabalhar com Eunice Muñoz foi das “coisas mais bonitas”.

Por exemplo, no TEC, em 1972, Avilez dirigiu-a em peças como "As Criadas", de Jean Genet, cujo assistente de encenação foi Filipe La Féria.

Foi também na companhia de Avilez que fez uma digressão por África com peças como "Fedra", de Jean Racine, ou "A Maluquinha de Arroios", de André Brun.

Dizendo que quando se fala em teatro se fala em Eunice Muñoz, o encenador classificou-a como o “próprio do teatro”, assumindo ter por ela uma “grande admiração e enorme amizade”.

“Portanto, o teatro está de luto. Acho bonito que o Governo tenha decretado luto nacional porque ela merece”, referiu.

Falando num dia “muito triste”, o diretor artístico do TEC considerou que a cultura “está de luto” porque Eunice era uma “mulher, de facto, muito especial”.

Filha e neta de atores de teatro e de artistas de circo, ao longo da carreira Eunice Muñoz entrou em perto de duas centenas de peças, trabalhou com cerca de uma centena de companhias, segundo a base de dados do Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e, no cinema e na televisão, o seu nome está associado a mais de oito dezenas de produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.

Em abril do ano passado, Eunice Muñoz foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, cerca de três anos depois de ter recebido a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.

Ao longo de 2021, contracenou com a neta Lídia Muñoz, na peça “A margem do tempo”, em diferentes palcos do país, numa digressão que culminou no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de novembro, exatamente 80 anos após a sua estreia.