Em comunicado divulgado hoje, a Fundação Eugénio de Almeida (FEA) revelou que a mostra, que vai ser inaugurada às 18h30 de 6 de setembro, poderá ser visitada pelo público até ao próximo dia 23 de outubro.

A iniciativa, com curadoria de José Alberto Ferreira, integra a programação do 8.º Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia, que vai decorrer em Évora de 6 a 9 de setembro, e “convida a uma viagem com a duração da poesia, entre a árvore e a sombra, entre a pedra e o horizonte”.

“A Paisagem É Para Sempre” é constituída por “uma obra de Ai Weiwei, uma peça feita em mármore do Afeganistão, cinco quadros de Niek te Wierik e uma instalação de Sara Leme, que integra vídeo e tela”, adiantou hoje à agência Lusa José Alberto Ferreira, diretor do Centro de Arte e Cultura.

A FEA lembrou que Ai Weiwei “tem colocado o seu ativismo político em defesa da liberdade e dos direitos civis no centro da sua obra multiforme”.

“Mas as suas relações com a história e a cultura chinesas permanecem fundamentais para o artista, que reside atualmente em Portugal”, realçou.

A peça que apresenta em Évora confirma-o, segundo a fundação, explicando tratar-se de “um disco de mármore do Afeganistão, a que o artista chamou ‘Bi’, evocando as raízes culturais milenares do seu país”.

“Com efeito, ‘Bi’, na cultura clássica chinesa, é um disco de jade utilizado em cerimónias rituais para refletir o céu. Nesta espécie de gesto de arqueologia cultural, o artista desloca o reflexo do céu para a profundidade da terra, onde os veios da pedra se formaram, assim trazendo à superfície a espessura do tempo da tradição e da geologia milenar”, disse a organização.

Já o artista holandês Niek te Wierik, a viver “há muito” em Portugal, tem “trabalho abundante nas áreas do desenho e da pintura [e é] um observador insaciável do meio natural que o envolve e que depois fixa em minucioso processo de laboratório (da fotografia ao esboço, depois desenho e pintura)”.

“Nas pinturas que integram a exposição, a pedra é cor em forma de dólmen e é sombra em forma de luz, cruzamento do horizonte milenar da pedra com a efemeridade das sombras dos olivais do Alentejo”, de acordo com a FEA.

Sara Leme, “uma jovem artista cujo trabalho traduz influências de um percurso onde se cruzam a joalharia, a dança e a antropologia”, apresenta nesta mostra “um trabalho com memória da história global recente”.

“Sobre uma tela, feita com máscaras cirúrgicas justapostas, a artista confronta o espetador com imagens projetadas de montado alentejano, em planos quase sem movimento, com a ligeireza do vento animando a folhagem, como quem ensaia suspender o curso do tempo”, avançou a fundação.