O julgamento de Kevin Spacey por agressão sexual, caído em desgraça após o escândalo, pode não ocorrer após a decisão da alegada vítima de não testemunhar.
Além disso, alguns dias após o jovem que o acusava ter desistido do processo civil, o caso parece estar à beira do colapso por causa de um telemóvel desaparecido.
O ator de 59 anos, cuja carreira ficou destruída após as primeiras acusações de agressão sexual contra vários homens, realizadas em novembro de 2017, não compareceu à audiência desta segunda-feira na ilha de Nantucket, em Massachusetts.
Foi ali que o protagonista de "House of Cards" e o vencedor de dois Óscares teria tocado no pénis de um jovem de 18 anos, funcionário de um bar, em julho de 2016, após convidá-lo para tomar uma bebida.
A denúncia por atentado ao pudor e agressão ocorreu no final de 2018, após o surgimento de várias outras acusações de agressão sexual contra jovens, seguindo os passos do movimento #MeToo.
Nenhuma das outras acusações, tanto nos Estados Unidos como em Londres, levou a um processo penal.
No caso de Massachusetts, o telemóvel da alegada vítima é a chave: o jovem utilizou-o para gravar a alegada agressão e para comentar com a namorada e um grupo de amigos o sucedido.
Mas o aparelho, que a defesa quer examinar, desapareceu, confirmaram esta segunda-feira o jovem e os seus pais.
Um polícia afirma tê-lo entregue à família da alegada vítima, mas admite não ter pedido um recibo. Por seu lado, a família diz que não o recuperou.
Consultado sobre o que fez com o telemóvel e as mensagens, o jovem garantiu que não apagou nada, mas quando foi advertido de que qualquer manipulação poderia originar um processo contra ele.
Foi então que a alegada vítima recorreu à Quinta Emenda da Constituição, que lhe permite manter silêncio para não se incriminar, e o juiz Thomas Barrett removeu todo o depoimento.
A mãe do jovem, a apresentadora de televisão Heather Unruh, admitiu ter apagado algumas imagens que poderiam envergonhar o filho antes de entregá-lo à polícia, mas garantiu não ter alterado nada ligado à alegada agressão.
O advogado Alan Jackson, que representa Kevin Spacey, insinuou que foram apagados textos nos quais a alegada vítima - fã do ator - revelaria ter consentido com o toque.
O juiz não tomou qualquer decisão esta segunda-feira, mas avisou os procuradores que tinham um caminho duro para desbravar porque "ocaso anda à volta deste indivíduo [a alegada vítima]".
Já a defesa do ator alertou que pedirá o arquivamento do caso por considerá-lo comprometido.
Após ouvir Jackson e, segundo a imprensa americana, um "aparentemente atordoado" procurador Brian Glenny, o juiz marcou nova audiência para 31 de julho.
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