A 94.ª edição da Feira do Livro de Lisboa (FLL) vai decorrer, como sempre, no Parque Eduardo VII, em Lisboa, entre os dias 29 de maio e 16 de junho, atingindo este ano o seu limite máximo em termos de crescimento, o que deixa aos organizadores um desafio para o futuro, disse à Lusa o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral.
O problema é que, mesmo estando no limite, continuam a aumentar os pedidos de novos participantes, o que, no futuro, poderá significar sacrificar atribuição de alguns pavilhões, porque retirar a feira do livro do Parque Eduardo VII está fora de questão, afirmou o responsável, considerando que “a FLL só faz sentido ali”.
“O Parque Eduardo VII é a pedra basilar desta feira, é um dos fatores mais críticos de todo este sucesso, porque é central, porque é ao ar livre, porque, independentemente de ter as tais rampas e o terreno acidentado, é um sítio onde as pessoas gostam de passear”, afirmou.
Salientando que, além dos livros, há espetáculos de música, cinema ao ar livre, restauração, esplanadas, mas também espaço de estacionamento e acesso de transportes, que justificam a manutenção da feira naquele espaço, Pedro Sobral adiantou que é preferível “sacrificar ou, pelo menos, complicar” o desafio na atribuição de pavilhões, “dando sempre primazia a novos participantes”.
“A diversidade editorial é também uma das variáveis fundamentais para que os índices de leitura vão aumentando e, por isso, sabendo e tendo certo que não queremos sair dali e que é ali que a feira tem de ser, vamos ter que encarar esse desafio, e vamos começar a trabalhar, provavelmente já desde julho, para gerir isso da melhor forma possível”, adiantou.
Tendo em conta a dimensão que a FLL alcançou este ano, estão previstos mais 10 pavilhões do que no ano passado, para um total de 350, com 960 marcas editoriais, representadas por 140 participantes e 85 mil títulos disponíveis.
A principal aposta este ano é a melhoria das acessibilidades para pessoas com mobilidade condicionada, graças a um protocolo assinado com a Access Lab (empresa que trabalha a questão da acessibilidade em Portugal, pelo direito à cultura das pessoas com deficiência) para os próximos três anos.
Depois de um investimento na sustentabilidade, a organização está agora a trabalhar a questão da inclusão e de como facilitar a visita e a frequência das pessoas com mobilidade condicionada.
“Há ali uma série de desafios que demoram a ser implementados e, portanto, é preciso fazer uma série de levantamentos, mas já este ano vamos ter, por exemplo, mais casas de banho com acesso para estas pessoas de mobilidade condicionada”, disse Pedro Sobral, que adiantou que também haverá fraldários, em resposta aos pedidos das famílias.
Adicionalmente, as rampas vão estar mais bem sinalizadas e vai haver “uma formação bastante intensa por parte da Access Lab quer ao ‘staff’ da APEL, quer aos participantes, para poderem dar informação adequada às pessoas de mobilidade condicionada”, especificou o responsável.
A parte da programação também será mais acessível, com uma agenda específica de eventos com língua gestual portuguesa, e a existência de um alfabeto de cores para daltónicos, que, entre outras coisas, ajuda as pessoas a orientarem-se nas praças, que são definidas por cores.
A este propósito, o presidente da APEL assinalou que haverá duas novas praças, para a realização de eventos, respondendo também à crescente procura.
“No ano passado tivemos 2.600 eventos e […] na sexta-feira da semana passada, já íamos com 2.190 marcados, quando normalmente metade dos eventos são marcados durante a própria feira, portanto vamos ultrapassar largamente os 2.600 eventos que tivemos no ano passado”, afirmou
Uma das grandes novidades deste ano é a antecipação do horário de abertura da feira - respondendo ao pedido de muitas famílias -, que passa a abrir às 12h00 durante a semana, e às 10h00 ao fim de semana e feriados.
O horário de encerramento mantém-se às 22h00, com exceção dos sábados, sextas-feiras e vésperas de feriado, em que fecha às 23h00.
No que respeita ao número de visitantes esperados, Pedro Sobral acredita que chegará ao milhão, um número que “não é relevante”, em termos de “bater recordes”,
“Aquilo que para nós é importante, e por isso esta questão do milhão de visitantes, é que o propósito da feira, como também motor de formação e de promoção dos índices de leitura é cada vez maior, porque obviamente chegamos a mais pessoas, temos ali mais pessoas, maior probabilidade temos de que os índices de leitura sejam mais elevados e se aproximem da União Europeia”, considerou.
A edição deste ano da FLL retoma a iniciativa “Acampar com histórias”, dirigida a crianças, volta a contar com iniciativas do Plano Nacional de Leitura, nomeadamente com a criação do “Consultório de leitura”, que dá sugestões de acordo com o perfil do leitor, e terá uma vez mais o pavilhão “Doe os seus livros”.
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