Trata-se de “uma simples, mas merecida homenagem a José Pinho”, sublinha, em comunicado, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), de que o fundador da Ler Devagar e do festival literário de Óbidos foi vice-presidente.

“Pelas 17h00, a Feira do Livro de Lisboa vai parar e convidar todos os participantes, autores e visitantes a saudar José Pinho com uma salva de palmas durante 1 minuto”, afirma, acrescentando que “é desta singela maneira que a Feira do Livro homenageia ‘o Zé’ - como era conhecido por todos”.

Recordando os tempos em que José Pinho fez parte da APEL, a associação destaca que o editor e livreiro pautou sempre a sua ação “pelas ideias utópicas que transformava em realidade”, como fez, aliás, “em todo o seu percurso”.

“Despretensioso sobre o que é o livro e a literatura, era movido pela ânsia de tornar o acesso do livro algo democrático, banal e rotineiro, para todos e para todas. Olhava o mundo e congeminava como o poderia encher de livros”, refere Pedro Sobral, presidente da APEL.

Ainda segundo o responsável, “mais do que um desejo, continuar este legado é, por isso, uma obrigação”.

“É nosso dever levar o país a um lugar pelo que o José Pinho tanto lutou e pelo qual tanto fez. Sempre com um sorriso rasgado e uma gargalhada sonora”, recordou Pedro Sobral.

José Pinho fez parte dos Órgãos Sociais da APEL, presidindo ao Conselho Técnico de Livreiros e, entre 2005 e 2008, exerceu a função de vice-presidente desta associação.

Mas o seu nome ficará para sempre ligado à Livraria Ler Devagar, que fundou no Bairro Alto em 1999 e que, anos mais tarde, se mudaria para a Lx Factory, em Alcântara, e ao Folio - Festival Literário Internacional de Óbidos, que criou, depois de abrir 11 livrarias em lugares abandonados daquela vila portuguesa, projeto que viria a chamar-se “vila literária”.

Fundou ainda, no mesmo local, o festival Latitudes – Literatura e Viajantes.

Este arrojo de José Pinho valeu, em 2015, a classificação de Óbidos como Cidade Criativa da Literatura em Portugal, pela UNESCO.

Entre os projetos em que se destacou pela sua visão e audácia, conta-se também a reabilitação da histórica livraria Ferin, na Rua Nova do Almada, em Lisboa, em 2017, numa altura em que atravessava graves problemas financeiros.

Foi também diretor artístico do Festival Internacional de Literatura e Língua Portuguesa — Lisboa 5L e foi representante da RELI - Rede de Livrarias Independentes, tendo ainda exercido como editor de mais de uma vintena de livros e fundado outros projetos ligados à atividade cultural, como a Nouvelle Librairie Française de Lisboa, uma livraria fundada e especializada em livros franceses, e a Ler Devagar Cinema, na Cinemateca Portuguesa, e a Ler Devagar Artes, na Culturgest, espaços entretanto já encerrados.

Recentemente, estava dedicado à criação daquele que era um dos seus sonhos mais antigos, o novo Centro Cultural e Social do Bairro Alto, projeto multidisciplinar para congregar livrarias, galerias, estúdios de cinema e de gravação de audiolivros e ‘podcasts’, salas de concertos e de artes performativas.

No começo de maio, foi agraciado com a medalha de mérito cultural pela Câmara Municipal de Lisboa, por ser considerado “uma personalidade ímpar da cidade" e, uma semana depois, recebeu do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o grau de comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, destinado "a distinguir o mérito literário, científico e artístico".

José Pinho morreu no dia 30 de maio, no Hospital CUF, em Lisboa, vítima de doença oncológica.

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