A Feira do Livro de Lisboa apresenta-se este ano com “a maior oferta editorial de sempre”, mas forçada a “manter o mesmo espaço do ano passado”, devido à preparação da Jornada Mundial da Juventude, anunciou hoje a organização.
A 93.ª edição da Feira do Livro de Lisboa (FLL), que vai decorrer de 25 de maio a 11 de junho, regressa este ano ao calendário habitual, com a “maior oferta editorial” de sempre, mas impedida de “crescer”, apesar dos pedidos para aumentar o número de pavilhões, disse o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral, em conferência de imprensa.
Este ano, a FLL terá 139 participantes, mais de 980 chancelas editoriais e os mesmos 340 pavilhões da edição de 2022, adiantou.
A razão para este condicionamento de espaço é a logística de preparação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), prevista para o início de agosto, que está a ser articulada entre a APEL, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a JMJ.
“Desde muito cedo começámos a trabalhar com a Câmara de Lisboa para perceber quando poderíamos fazer a feira” e, depois de estabelecida a data, foi necessário estudar “como manter toda a estrutura” e “como fazer a desmontagem”, disse, garantindo que as entidades envolvidas “já estão coordenadas há muito”.
“No final, não foi possível crescer, apesar de termos cada vez mais pedidos de editores e livreiros”, contou Pedro Sobral, especificando que de uma estimativa que ia em 379 pavilhões, “a FLL teve mesmo que se ficar pelos 340, por causa desta logística”.
Pedro Sobral explicou que o contacto com a autarquia foi “suficientemente cedo para perceber que iriam manter o tamanho do ano passado”, e que a “informação chegou a tempo de não investir em novos equipamentos”.
No entanto, os pavilhões tiveram melhoramentos, assim como vão ser melhoradas as acessibilidades, para corrigir algumas dificuldades que enfrentam as pessoas com mobilidade reduzida.
A “Hora H” mantém-se, mas os horários da feira vão sofrer uma ligeira alteração: em vez de fechar às 00:00, passa a fechar às 22:00, nos dias de semana, e às 23:00 nos fins de semana e vésperas de feriado.
Para esta edição, são esperados também “muito mais escritores” e “mais autores internacionais do que no ano passado”, afirmou o presidente da APEL, que tem verificado um aumento da “proatividade nos escritores, que dizem ‘quero estar’ na feira”, em vez de simplesmente esperarem pelos convites.
Pedro Sobral espera, por isso, que este ano aumente o contacto com escritores e a afluência, que em 2022 se situou entre os 770 mil e os 790 mil visitantes.
Esta expectativa está diretamente ligada ao crescimento do mercado do livro, que se tem verificado desde 2021, e que no final do primeiro trimestre deste ano estava nos 12%.
“Além da recuperação [pós-pandemia], há uma alteração nos hábitos de leitura. Portugal é dos países com piores índices de leitura, mas há um crescente interesse na compra de livros para leitura própria”, quando, tradicionalmente, a maioria dos livros comprados eram para oferta, indicou o responsável.
Pedro Sobral adiantou que está a ocorrer um “movimento de novos leitores, na faixa dos 18 aos 30 anos, muito alavancado pelas redes sociais".
Em feiras anteriores, havia “grupos inteiros de miúdos que sabiam o que queriam, que iam à procura de livros específicos, em português, mas também muitos em inglês”.
Outro aspeto que o presidente da APEL destacou foi a “visibilidade internacional que a Feira do Livro de Lisboa já tem”, sobretudo por ser um programa ao ar livre e se destinar ao leitor, quando as feiras do livro internacionais são muito mais direcionadas para os editores e para a área negocial.
“Há muita curiosidade por parte de várias associações de outros países, que querem ver como um país com índices de leitura tão baixos consegue manter um evento destes, num terreno inclinado e com variantes meteorológicas, a atrair tanta gente”.
Em representação do presidente da CML, Carlos Moedas, que não pôde estar presente, a diretora de Cultura da autarquia, Laurentina Pereira, destacou que a FLL será o primeiro acontecimento das festas de Lisboa e lembrou que este é um dos “maiores eventos da cidade e com mais público, seja em junho ou em setembro, com chuva ou com sol”.
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