Organizado pela organização internacional dedicada à literatura eletrónica, esta é a primeira vez que o evento decorre em Portugal e a terceira na Europa, depois de Bergen (Noruega) e Paris (França).

O festival inclui várias conferências dedicadas aos textos criados ou interpretados através dos novos meios digitais, que decorrem desde terça-feira na Universidade Fernando Pessoa, além de várias exposições, instalações e ‘performances’, que se espalham pelo Maus Hábitos, o Passos Manuel, o Palacete Viscondes de Balsemão e o Mosteiro de São Bento da Vitória.

O comissário da edição 2017 do evento, Rui Torres, explicou à Lusa que a organização entende o conceito de literatura eletrónica “como toda a que utiliza computador e ferramentas em rede para criação de novas formas expressivas e materiais de criatividade poética e narrativa”, o que configura “um conjunto de novas possibilidades”, para artistas e investigadores.

O termo literatura eletrónica “não está associado a ler através de um ‘tablet’ ou no computador”, mas antes à "utilização de meios digitais para produzir e questionar criativamente a nossa condição", como o provam vários projetos em exposição durante o festival, como “Pocket Poetry”, da russa Anna Tolkacheva, no Maus Hábitos, que coloca cinco dispositivos ligados a caixas e que utiliza um sensor que reconhece a presença do público para alterar um texto gerado automaticamente.

“Uma das hipóteses que aqui colocamos é que a investigação em literatura eletrónica traga novas inquietações que nos permitam perceber este mundo em que tudo desaparece e nos escapa por entre os dedos, em que nunca conseguimos prender o real”, comentou.

A exploração do dadaísmo e da sociedade atual está patente em ‘dadaoverload’, que Beat Suter e René Bauer levam ao Passos Manuel no sábado, enquanto na sexta-feira, no Mosteiro de São Bento da Vitória, Penny Florence apresenta “Translating the Untranslatable”, entre dezenas de outras apresentações de trabalhos que vão da ‘performance’ à arte digital, paralelos às palestras e conferências destinadas aos participantes inscritos.

“Teremos 250 a 350 pessoas de 35 países, de investigadores a artistas do ramo, nas conferências, e temos o trabalho de portugueses em destaque no programa do festival”, revelou, sendo que há trabalhos dos poetas sonoros Américo Rodrigues e Miguel Azguime e trabalhos de Pedro Barbosa, “um dos grandes pioneiros desta área”.

Por outro lado, a participação lusa nas conferências é “semelhante aos outros países”, num valor que não ultrapassa os 10%, mas o organizador espera que a iniciativa “desperte a curiosidade” do público para aumentar o conhecimento pela área.

A iniciativa deste ano é dedicada a três eixos diferentes – ligações, sobre “antecedentes estéticos de exploração literária similar”, como “a poesia visual dos anos 1960, o futurismo ou o dadaísmo”, comunidades, numa tentativa de aproximar “outras comunidades associadas, como os videojogos ou o ativismo social em rede”, e traduções, que se debruça sobre o sentido linguístico e ainda "a preservação do domínio digital”.

“Muitos dos trabalhos pioneiros da literatura eletrónica em Portugal, como por exemplo os do Pedro Barbosa, foram programados em linguagens que hoje em dia são ilegíveis”, contou Rui Torres, que acrescentou que “o dilema da obsolescência” é uma das questões que marca a conferência.

À exceção das conferências, na Universidade Fernando Pessoa, que funcionam mediante registo, todas as exposições e ‘performances’ do Festival e Exposições de Literatura Eletrónica, que este ano a ELO entregou ao Porto, e decorrem até sábado em vários espaços da cidade, são de entrada livre.

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