Em 1979, Ricky Schroder tinha oito anos e comoveu o mundo com a estreia no cinema como o filho de Jon Voight em "O Campeão".

Em 2020 e após as atitudes dos dois atores (Jon Voight é um dos mais ardentes defensores de Donald Trump em Hollywood, tendo chegado a chamar Joe Biden de "diabólico"), o filme de Franco Zeffirelli sobre um pugilista alcoólico acabado que tentava reiniciar a sua vida para bem do seu filho regressou à atualidade e está a ser olhado de uma forma completamente diferente: um "berço" do trumpismo.

Esta é uma das reações nas redes sociais à notícia de que Ricky Schroder, atualmente com 50 anos, e o CEO da My Pillow Mike Lindell, estiveram entre os que ajudaram a pagar a fiança de dois milhões de dólares para libertar Kyle Rittenhouse, um adolescente norte-americano de 17 anos acusado de assassinato premeditado, por disparar fatalmente contra dois manifestantes antirracistas em Kenosha (Wisconsin).

Rittenhouse, que comprou a sua arma com um subsídio atribuído por causa da COVID-19 e viajou de outro estado em agosto para, segundo ele, "proteger" a cidade de quem provocava distúrbios durante as manifestações contra a violência policial de que resultou a morte de Jacob Blake, alega que agiu em autodefesa ao disparar contra os ativistas Anthony Huber, de 26 anos, e Joseph Rosenbaum, de 36, e ainda um terceiro homem, que sobreviveu, quando estava com uma milícia.

Lin Wood, um dos seus advogados, partilhou a imagem do jovem sorridente com Ricky Schroder à sua esquerda nas redes sociais.

Durante o fim de semana, entre o choque e a desilusão de uns e o apoio de uns poucos, Ricky Schroder e "O Campeão" entraram nos temas mais comentados nas redes sociais.

"Agradeço a todos os que deixaram uma criança assassina livre para voltar a fazer o mesmo? Este miúdo matou dois e feriu com gravidade outro. Porque é que estão a comemorá-lo? Quem quer que tenha uma MY Pillow deve atirá-la imediatamente para o caixote mais próximo. E Ricky Schroder? Quem diria que ele poderia ser tão malévolo?", escreveu Bette Midler.

"Ricky Schroder? Bolas, culpo o Jon Voight", partilhou o ator Josch Charles.

"Ricky Schroder & Jon Voight a irem pelo mesmo buraco. 'O Campeão' foi o berço do Trumpismo. Quem diria", escreveu Howard Forman, antigo político Democrata e agora consultor.

"Rick Schroder é um supremacista branco não estava no meu cartão de bingo de 2020", comentou o famoso Chef e blogger Jerry James Stone.

"Scott Baio e agora Ricky Schroeder? Quando era criança... claramente fiz más escolhas para paixonetas por celebridades", reagiu a jornalista Richelle Carey.

"Claramente, tanto Jon Voight como Ricky Schroeder sofreram vastos danos neurológicos durante a rodagem de 'O Campeão'", escreveu outro utilizador.

Após a onda de críticas, Ricky Schroder, também conhecido por ter entrado nas séries "Silver Spoons" (1982-1987), "A Balada de Nova Iorque" (1998-2001), "24" (2007) e na minissérie "O Céu Como Horizonte" (1989, 1993), tomou uma posição pública sem margem para dúvidas.

"Manhã com o Kyle e a sua mãe Wendy. Na América somos TODOS inocentes até que um júri decida culpado ou inocente, não a Turba ou a Imprensa. Quando os factos forem conhecidos, muitos de vocês vão dever a este jovem um Desculpa. Pessoal, mudem para a [rede social conservadora] PARLER... deixem o Twitter. [o CEO] Jack Dorsey não presta", escreveu.

Esta madrugada, o ator ainda regressou ao Twitter para deixar uma mensagem aos seus "amigos Democratas" sobre se "é este o país em que querem viver", seguida de um Hashtag de repúdio do movimento de grupos ativistas de esquerda Antifa e duas imagens: as mensagens nas redes sociais com ameaças de morte e referências ao local onde mora e este de costas a segurar uma espingarda, pronto a defender-se.