O júri português revelou-se "muito impressionado pela qualidade" da escrita de Frederico Pedreira e pela "forma como o autor usa a ficção como uma ferramenta para a investigação autobiográfica".
"A lição do sonâmbulo", editado pela Companhia das Ilhas, é uma autobiografia romanceada, em que o autor recua até à sua infância, recriando um passado assente em memórias e imaginação.
Frederico Pedreira nasceu em 1983, publicou vários livros de prosa e de poesia, e traduziu poetas como W. B. Yeats e Louise Glück, assim como ensaios de G. K. Chesterton e George Orwell, ou romances de Dickens, Swift, Wells, Hardy e Banville, entre outros.
Em 2016, venceu o Prémio INCM/Vasco Graça Moura na categoria de Ensaio, com "Uma Aproximação à Estranheza".
Os outros autores portugueses que estavam nomeados para a edição deste ano do Prémio de Literatura da União Europeia eram Ana Margarida de Carvalho, com o romance "O gesto que fazemos para proteger a cabeça", Isabel Rio Novo, com "Rua de Paris em dia de chuva", e João Pinto Coelho, com o título "Um tempo a fingir", todos publicados no ano passado.
Os restantes vencedores deste ano, anunciados hoje 'online', foram Tom Kuka, da Albânia, Aram Pachyan, da Arménia, Georgi Bardarov, da Bulgária, Lucie Faulerová, da República Checa, Sigrún Pálsdóttir, da Islândia, Laura Vinogradova, da Letónia, Lara Calleja, de Malta, Gerda Blees, dos Países Baixos, Dejan Tiago Stanković, da Sérvia, Anja Mugerli, da Eslovénia, Maxim Grigoriev, da Suécia, e Amine Al Ghozzi, da Tunísia.
Dejan Tiago Stanković, de nacionalidade sérvia, nasceu em Belgrado, mas mudou-se para Portugal em 1996 e naturalizou-se português. Atualmente vive em Lisboa e passa temporadas em Belgrado.
Traduz e escreve na sua língua materna servo-croata bem como em português e tem publicados em Portugal "Contos de Lisboa", editado pela Prime Books (Estoril) e "Estoril, romance de guerra", publicado pela Bookbuilders (Lisboa).
Sobre "Zamalek", livro que conquistou o galardão para a Sérvia, o júri daquele país disse ter ficado "impressionado com a hábil imaginação linguística" do autor, num romance que se situa no Cairo e cujas personagens carregam diferentes destinos nacionais que dão cor ao século XX, e que "numa forma profundamente literária preocupam o leitor sérvio".
Portugal foi um dos países selecionados para a edição de 2021 do Prémio de Literatura da União Europeia, que em edições anteriores distinguiu Dulce Maria Cardoso, Afonso Cruz e David Machado, segundo a organização do prémio.
O júri nacional foi constituído por José Manuel Lello, administrador da Livraria Lello, no Porto, que presidiu, e ainda pelo escritor José Jorge Letria, presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, pelo escritor João de Melo, pela jornalista Isabel Lucas e pelo também escritor David Machado, que venceu o prémio em 2015 com "Índice Médio de Felicidade".
O Prémio de Literatura da União Europeia foi criado em 2009 pela Comissão Europeia e é financiado pelo programa Europa Criativa.
O galardão destina-se a escritores emergentes europeus, tendo como objetivo valorizar a literatura europeia e divulgá-la ao resto do mundo, assim como realçar a criatividade e a riqueza diversificada desta literatura contemporânea no campo da ficção, e promover a circulação de obras e autores.
O concurso do prémio está aberto aos 41 países atualmente abrangidos pelo programa Europa Criativa, mas como este concurso é organizado em ciclos de três anos, a cada ano a organização seleciona um conjunto de países correspondente a um terço do total de participantes.
Deste modo, no final de cada ciclo trienal, todos os países e áreas linguísticas foram representados.
O primeiro ciclo de três anos foi concluído em 2009-2011, o segundo ciclo em 2012-2014, o terceiro ciclo em 2015-2017, e o quarto iniciou-se em 2019 e termina em 2021.
Logo no ano em que foi lançando, em 2009, a escritora portuguesa Dulce Maria Cardoso foi uma das vencedoras do prémio com a obra “Os meus sentimentos”.
Seguiu-se, em 2012, Afonso Cruz, com “A boneca de Kokoschka”, e três anos depois, em 2015, foi a vez de David Machado, com a obra “Índice médio de felicidade”.
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