Os procuradores do Ruanda pediram a prisão perpétua para Paul Rusesabagina, o herói retratado no filme "Hotel Ruanda", que está a ser julgado por "terrorismo" em Kigali, num processo que a sua defesa considera político.
Rusesabagina, ex-gerente do hotel das Mil Colinas de Kigali, ganhou fama com o filme de 2004, no qual é interpretado por Don Cheadle, que foi nomeado para os Óscares.
A longa-metragem mostra como ele salvou mais de mil pessoas durante o genocídio de 1994 em Ruanda, quando morreram 800.000 pessoas, na sua maioria tutsis.
Crítico ferrenho do regime do presidente Paul Kagame, ele é acusado de nove crimes, incluindo terrorismo, por alegado apoio à Frente de Libertação Nacional (FLN), um grupo rebelde acusado de ter executado atentados nos últimos anos no Ruanda. Rusesabagina está a ser julgado ao lado de outros 20 réus.
"Demonstramos que cada ato de Rusesabagina era de natureza criminosa, com a intenção de cometer atos de terrorismo", declarou um dos procuradores, Jean Pierre Habarurema.
"Como dirigente, apoiante e partidário da MRCD/FLN, estimulou e permitiu aos combatentes que cometessem atos terroristas contra o Ruanda", acrescentou.
"Embora não participasse ativamente nos atentados, considera-se que teve um papel simplesmente por ter prestado apoio a estes combatentes", reiterou.
A defesa e a sua família consideram que "o governo de Ruanda não apresentou nenhuma prova" durante os quatro meses de processo e classificaram o julgamento de "farsa" para "calar" Rusesabagina, segundo um comunicado da Fundação Hotel Ruanda.
O texto salienta que se trata de um processo político e acusa o regime ruandês de sequestrar o acusado.
Paul Rusesabagina vivia no exílio desde 1996, nos EUA e na Bélgica. Foi detido no fim de agosto do ano passado, no Ruanda, em circunstâncias específicas, ao desembarcar de um avião que pensava estar a ir para o Burundi.
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