Na exposição “A Coleção Sonnabend: Meio século de arte europeia e americana. Part II”, que vai estar no Museu de Serralves até 23 de setembro, destaca-se um conjunto de esculturas do norte-americano Jeff Koons, produzido entre 1985 e 2012, onde se pode ver o herói de banda desenhada Hulk e os amigos, em bronze maciço, com “grande agressividade”, quase a remeter para a “Terribilità” do pintor e escultor Michelangelo, explicou o comissário da exposição, António Homem.

“É um grande privilégio estar no Museu de Serralves, pois tenho uma enorme adoração pelo trabalho de Siza Vieira. Acho este espaço absolutamente maravilhoso. (…) Os trabalhos nunca tiveram um aspeto tão extraordinário como aqui. É um grande prazer vê-los assim no melhor modo possível”, declarou aos jornalistas António Homem durante uma visita para a imprensa.

O comissário explicou que a escultura “é interessante” porque numa primeira impressão parece um insuflável ou um balão, mas na verdade é feita de bronze: “Falou-se sempre da terribilidade [agressividade] dessas imagens. Ele quer uma terribilidade desta imagem e de modo que é feito de bronze maciço e depois é pintado com esmaltes”.

Uma figura de escultura clássica modelada em gesso branco suportada com bolas refletoras de vidro soprado azul ou um Cristo a entrar em Jerusalém montado num burro e um pássaro ao estilo da banda desenhada que representa para Jeff Koons o “espírito santo” são outras das esculturas que podem ser vistas na exposição.

A exposição é a segunda parte de uma mostra da Coleção Sonnabend que esteve em Serralves entre fevereiro e maio de 2016, e pôs em cena peças da coleção criada pela galerista Ileana Sonnabend.

“Embora conhecida sobretudo pelo seu apoio aos principais protagonistas da arte pop, do minimalismo, da arte povera, do pós-minimalismo e da arte conceptual, Ileana Sonnabend deu continuidade ao seu compromisso até à sua morte em 2007. Um reflexo do apoio e do entendimento profundo de Ileana Sonnabend relativamente aos artistas com quem trabalhou nas suas galerias de Paris e Nova Iorque, a exposição revela a notável clarividência das suas escolhas ao longo de mais de cinco décadas e o seu duradouro legado”, podia ler-se na descrição da primeira parte da exposição.

A mostra aborda o uso da fotografia desde a arte contemporânea dos anos 1960 até ao presente, assim como trabalhos de artistas dos anos 1980 relacionados com a Pop Art, o minimalismo e a arte conceptual, designadamente Gilbert & George, Bernd e Hilla Becher, Hiroshi Sugimoto, entre outros.

A exposição em Serralves foi organizada em colaboração com a Fondazione Musei Civici Venezia (MUVE), Ca’ Pesaro, em Veneza (Itália) e da Sonnabend Collection Fondation.

Algumas das obras agora expostas fizeram parte da exposição inaugural do Museu de Serralves, designadamente “Circa 1968”, em 1999, e várias delas permaneceram em Serralves a título de empréstimo de longo prazo.

A exposição vai ter no próximo sábado, pelas 11:30, uma conversa intitulada “nas galerias com”, com o comissário da exposição, António Homem, e o diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, João Ribas.