Com duração de 45 a 50 minutos e limite de 25 bilhetes por sessão, "The Present" combina elementos de peça de teatro com espetáculo de magia, em que Helder Guimarães conta histórias e interage com a audiência através de uma plataforma 'online' segura.

"O objetivo era desafiar a ideia de que tínhamos de estar no mesmo espaço para partilhar a sensação [de um espetáculo de magia]", disse à Lusa o mágico português. "Vai haver um cuidado estético, luz, som, todos os elementos que fazem parte de uma peça de teatro estão a ser trabalhados da mesma forma, mas num ambiente alternativo".

A Geffen Playhouse, que albergou o espetáculo anterior de Helder Guimarães, "Invisible Tango", tem em funcionamento a iniciativa Geffen Stayhouse para manter a conexão entre os artistas e o público durante o confinamento provocado pela pandemia de COVID-19.

Esta é a primeira produção de longa duração do formato e o calendário inicial prevê oito sessões semanais durante um mês.

A intenção, porém, é alargar o conceito a audiências internacionais e com isso estender o tempo em que o espetáculo estará em cena. Tal não acontece para já por questões logísticas, uma vez que "The Present" não é apenas um evento online: cada pessoa que comprar bilhete vai receber um pacote mistério pelo correio para abrir na hora do espetáculo.

"Há outros elementos que não é só o que se está a ver no ecrã e não só o facto de se poderem conectar", explicou o ilusionista. "Estamos a trabalhar para fazer isto noutros horários e para outras zonas do mundo".

A realização está a cargo de Frank Marshall, um peso-pesado de Hollywood com várias nomeações aos Óscares no currículo, e o cenário tem a mão de François-Pierre Couture, com dramaturgia de Amy Levinson.

A inspiração para o espetáculo veio de um momento importante na infância de Helder Guimarães, depois de ser atropelado aos 11 anos. "Tive um ataque epilético assim que sofri o acidente e nessa altura tive de ficar em casa durante um mês, até fazer testes e eles perceberem que eu não tinha consequências a nível definitivo".

Esse mês de quarentena marcou-o e foi com essa experiência em mente que escreveu "The Present", um espetáculo que "tem a mesma dinâmica que uma peça de teatro, é uma história e há magia pelo meio".

Os bilhetes serão postos à venda na próxima semana, por 60 dólares cada, e a Geffen Playhouse já tem "muitas pessoas interessadas em comprar", incluindo empresas e grupos que querem vivenciar o espetáculo juntos - de forma virtual.

Depois do lançamento, será averiguado o alargamento internacional e a marcação de mais datas. "Há uma grande possibilidade de isto ser estendido durante algum tempo, até porque a oportunidade de ver espectáculos ao vivo neste momento não existe", frisou o ilusionista. "Ainda não há uma ideia clara de como isso vai acontecer, mesmo quando as restrições forem levantadas. As pessoas não se vão poder sentar lado a lado nem em filas consecutivas", avisou.

Considerando que a Geffen está a ser "pioneira" com este projeto, Helder Guimarães acredita que mais artistas vão "pensar em produções que faça sentido fazer num formato online".

O ilusionista vai mesmo participar numa teleconferência com outras pessoas ligadas ao teatro, em Los Angeles, para debaterem o futuro desta arte. "Sinto que, possivelmente, os próximos tempos vão ser de reinvenção do próprio teatro", afirmou.

"Não que depois não voltemos às salas e a querer estar frente-a-frente com as pessoas. É o que me faz levantar de manhã, criar coisas para poder partilhar ao vivo", ressalvou. "Os 'performers' ao vivo vão pensar nisso e tentar reinventar-se, cada um na sua forma".

O formato online que preparou "é muito interativo", com todos os elementos do público a verem-se uns aos outros e a assistirem às interações de Helder Guimarães com alguns deles. "São 25 pessoas por espectáculo e todas elas vão participar de uma forma ou de outra, vão tomar decisões diretas no espetáculo", referiu. "É importante que seja um grupo pequeno para permitir que toda a gente tenha essa sensação".

"The Present" marca o regresso do mágico, depois da suspensão dos projetos em que estava a trabalhar, por causa da pandemia, e depois da aclamação da crítica e do público no ano passado pelo espetáculo "Invisible Tango".

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