Itália é a grande vencedora da 65.º edição do Festival Eurovisão da Canção, que este ano se realizou em Roterdão, nos Países Baixos. Já Portugal, que foi representado pelos The Black Mamba, com o tema “Love is on my side”, conquistou o 12.ª lugar, o segundo melhor resultado do século XXI, ficando apenas atrás de Salvador Sobral.
"Rock n 'roll não morre nunca", frisaram os vencedores Måneskin ao receberem o galardão. "Zitti E Buoni", o tema apresentado pela banda, conquistou 524 pontos. Já a França, com 499 pontos, assegurou o segundo lugar, seguida pela Suíça (432 pontos).
A vitória dos Måneskin quebra um jejum de 31 anos de Itália - em 1990, com "Insieme: 1992", Toto Cutugno conquistou o galardão para o seu país.
No total da votação dos jurados, a Suíça foi o país mais votado com 267 pontos, seguida pela França (248 pontos) e Malta (208 pontos). Já Portugal conquistou 126 pontos, ficando em sétimo lugar - os The Black Mamba receberam a pontuação máxima apenas dos jurados da República Checa.
Já do público, "Love Is On My Side" conquistou 27 pontos. No total, a canção portuguesa somou 153 pontos, conquistando o 12.º lugar - a banda igualou a classificação de Eduardo Nascimento, Carlos do Carmo e Alma Lusa.
Elisa, a partir de Lisboa, foi a representante do júri português, que atribuiu 12 pontos à Bulgária.
O Reino Unido ficou em último lugar - James Newman não recebeu qualquer ponto do júri, nem do televoto. Alemanha, Espanha e Países Baixos também não receberam pontos dos espectadores.
Na última ronda do certamente competiram 26 país (os 20 países apurados em duas semifinais; os 'Cinco Grandes'; e o país anfitrião), mas apenas um levou para casa o cobiçado galardão.
Os Países Baixos ganharam o direito de organizar a Eurovisão depois de vencerem a edição de 2019, em Israel, com o tema “Arcade”, interpretado por Duncan Laurence - recorde aqui a entrevista do SAPO Mag ao artista. A 65.ª edição do concurso, que se realiza anualmente na Europa desde 1956, deveria ter acontecido em maio do ano passado, em Roterdão, mas a União Europeia de Radiodifusão, por considerar que não estavam reunidas condições para a sua realização, devido à pandemia da COVID-19, decidiu adiá-la um ano.
Como é habitual, o país vencedor foi escolhido pelo público (televoto) e pelos jurados dos vários países.
Os The Black Mamba foram um dos 26 finalistas da edição deste ano do festival da Eurovisão, sendo esta a quinta presença de Portugal numa final do concurso - desde 2004, ano em que foram criadas as semifinais, o país conquistou qualificação em 2008, com Vânia Fernandes, em 2009, com Flor-de-Liz, em 2010, com Filipa Azevedo, em 2017, com Salvador Sobral, e em 2018, com Cláudia Pascoal, ano em que o festival se realizou em Lisboa.
Com "Love Is On My Side", Portugal levou à Eurovisão, pela primeira vez, uma canção integralmente em inglês, composta por Tatanka, o vocalista dos The Black Mamba. Na segunda semifinal, os votos dos jurados e do público estiveram do lado do grupo português - os resultados das semifinais é a combinação dos votos do júri e dos espectadores.
Este ano entraram 39 países em competição, mas à final chegam 26, dos quais 20 foram apurados em duas semifinais, que decorreram na terça e na quinta-feira. Na primeira semifinal passaram à final: Lituânia, Rússia, Suécia, Chipre, Noruega, Bélgica, Israel, Azerbaijão, Ucrânia e Malta. Portugal, Albânia, Sérvia, Bulgária, Moldávia, Islândia, São Marino, Suíça, Grécia, e Finlândia foram os escolhidos na segunda semifinal.
Luzes, chamas, um anjo, um diabo e (muita) dança: assim foi a final
Como é tradição, o espetáculo arrancou com o 'Desfile de bandeiras' dos vários países finalistas. Pelo palco da arena Ahoy, os concorrentes apresentaram-se em palco pela ordem de atuação - o desfile só não contou com representantes da Islândia (um dos elementos dos Daði og Gagnamagnið testou positivo à COVID-19).
Os vários concorrentes desfilaram ao som do tema "Venus", hit dos anos 1960 da banda holandesa Shocking Blue e que se tornou mundialmente popular na voz das britânicas Bananarama. Em palco, a canção foi interpretada pelos apresentadores (Chantal Janzen, Edsilia Rombley e Jan Smit) - a influencer Nikkie de Jager preferiu não cantar o tema, partilhando algumas mensagens motivacionais.
Feitas as apresentações da noite, o Chipre teve a missão de abrir a final do Festival Eurovisão da Canção.
AS ATUAÇÕES NA FINAL DO FESTIVAL DA EUROVISÃO
Chipre / Elena Tsagrinou – El Diablo
Elena Tsagrinou, com o tema "El Diablo", conquistou os fãs do festival da Eurovisão. A atuação enérgica e a letra orelhuda do tema animaram a arena - apesar de não conseguir superar a força de "Fuego", de Eleni Foureira (2018), a artista abriu a final do certame de forma arrebatadora.
Albânia / Anxhela Peristeri – Karma
O ritmo continuou intenso com Anxhela Peristeri, que apresentou "Karma" no palco da arena de Roterdão. Nas redes sociais, a cantora tem sido apelidada como a 'Beyoncé da Albânia' e, tal como na semifinal, provou que consegue dançar e cantar ao mesmo tempo e sem perder o folgo.
Israel / Eden Alene – Set Me Free
Israel foi terceiro país a atuar na final. Este ano, o país jogou todas as suas cartadas com o tema "Set Me Free", interpretado por Eden Alene. Em palco, a artista esteve acompanhada por cinco bailarinos e a atuação foi abrilhantada com chamas e fogo de artifício.
Bélgica / Hooverphonic – The Wrong Place
Depois da festa de Elena Tsagrinou e companhia, os Hooverphonic - banda veterana que se reuniu apenas para o Festival Eurovisão da Canção - acalmaram os ânimos com o tema pop e elegante “The Wrong Place”.
Rússia / Manizha – Russian Woman
Apesar das polémicas internas, a artista russa Manizha conquistou os espectadores e os jurados na primeira semifinal. No palco, a interprete de "Russian Woman" arrancou a atuação dentro de um volumoso e tradicional vestido, libertando-se depois para um simples macacão vermelho.
Malta / Destiny – Je Me Casse
Destiny (Malta), com o tema "Je Me Casse", fechou a primeira semifinal e conquistou passaporte para a final. Apresentada como um hino sobre a afirmação pessoal, a canção animou a arena - o carisma da artista, a atuação animada e festiva valeram a Malta uma das maiores ovações da noite.
Portugal / The Black Mamba – Love Is On My Side
Portugal foi o sétimo país a atuar na final do Festival da Eurovisão. Tal como na segunda semifinal, a atuação dos The Black Mamba foi uma das mais elogiadas da noite nas redes sociais e o tema "Love Is On My Side" rapidamente subiu nos tops mundiais dos serviços de streaming.
Sérvia / Hurricane – Loco Loco
Na segunda semifinal, a girl band Hurricane, da Sérvia, jogou todas as suas cartadas no palco da arena de Roterdão. Na final, o trio voltou a oferecer uma atuação cheia de movimento e cores ao som de "Loco Loco".
Reino Unido / James Newman – Embers
James Newman apresentou uma canção pop no palco do Festival Eurovisão da Canção. Na atuação, o músico esteve acompanhado por quatro bailarinos e duas trompetes gigantes.
Grécia / Stefania – Last Dance
Stefania, que este ano representa a Grécia, foi décima artista a subir a palco com "Last Dance". Na atuação, a jovem, que já participou no Festival Eurovisão Júnior, apostou em efeitos visuais com recurso a chroma key (fundo verde).
Suíça / Gjon’s Tears – Tout l’Univers
A atuação de Gjon’s Tears, que representa a Suíça, foi uma das mais aplaudidas da noite. Em palco, o músico apresentou o tema "Tout l’Univers".
Islândia / Da∂i Freyr og Gagnamagni∂ – 10 Years
Daði Freyr e a sua banda Gagnamagnið colocaram as redes sociais a dançar no verão passado com "Think About Things", a canção escolhida para representar a Islândia em 2020. Agora, o grupo defendeu o tema "10 Years", uma canção pop-funk que Daði dedicou à sua esposa.
Um dos elementos da banda testou positivo à COVID-19 na quarta-feira, o que obrigou a que fosse transmitida a atuação gravada durante os ensaios.
Espanha / Blas Cantó – Voy A Querdarme
Blas Cantó, com "Voy A Querdarme", partiu para a final em último lugar do top das casas de apostas online. O músico espanhol jogou todas as cartadas na atuação - incluíndo uma lua gigante.
Moldávia / Natalia Gordienko – SUGAR
Natalia Gordienko, com o tema "Sugar", foi a escolhida para representar a Moldávia. O beat animou o público, mas nas redes sociais a atuação não conquistou os espectadores.
Alemanha / Jendrik – I Don’t Feel Hate
Este ano, a Alemanha foi representada por Jendrik, que defendeu o tema "I Don’t Feel Hate" no palco da maior arena de Roterdão. Em palco, o músico brincou com o seu ukulele brilhante e fez-se acompanhar por bailarinos, uma delas vestida de mão.
Finlândia / Blind Channel – Dark Side
Com o seu Nu Metal, os Blind Channel apostaram numa atuação intensa repleta de chamas e jogos de luzes.
Bulgária / Victoria – Growing Up is Getting Old
Sentada numa jangada de pedra, VICTORIA, da Bulgária, embalou o público com a balada "growing up is getting old".
Lituânia / The Roop – Discoteque
Os irreverentes The Roop, que este ano representam a Lituânia, apresentaram "Discoteque", tema sobre dançar sozinho em casa. Na arena, a banda não dançou sozinha, muito pelo contrário.
Ucrânia / Go_A – Shum
Os Go_A, da Ucrânia, decidiram apostar em "Shum", um tema que mistura folk, eletrónicos, world music e pop.
França / Barbara Pravi – Voilà
Barbara Pravi partiu para a final com uma das favoritas à vitória e brindou o público com uma atuação intensa. e intimista.
Azerbaijão / Efendi – Mata Hari
Acompanhada por quatro bailarinas e com uma bola gigante dourada em palco, Efendi apresentou um pouco da tradição do Azerbaijão com o tema "Mata Hari".
Noruega / TIX – Fallen Angel
Com uma atuação a fazer lembrar a digressão "Purpose", de Justin Bieber, Tix, da Noruega subiu novamente ao palco com asas gigantes para apresentar o tema "Fallen Angel". O músico também levou para palco quatro bailarinos e lança chamas.
Países Baixos (anfitrião) / Jeangu Macrooy – Birth of a New Age
Depois de Duncan Laurence, Jeangu Macrooy, com "Birth of a New Age", foi o escolhido para representar os Países Baixos no festival da Eurovisão. A atuação foi uma das mais ovacionadas da noite.
Itália / Måneskin – Zitti E Buoni
Os Måneskin partiram para a final como os grandes favoritos à vitória. A banda italiana surpreendeu com uma atuação irreverente ao som do tema rock "Zitti E Buoni". Em palco, os italiano usaram toda a sua artilharia, desde fogo de artifício aos fatos irreverentes.
Suécia / Tusse – Voices
Apesar do seu desempenho ter desiludido alguns fãs na semifinal, Tusse consegui recuperar e oferecer uma atuação segura.
San Marino / Senhit – Adrenalina
Acompanhada por quatro bailarinos mascarados, Senhit, que nasceu em Itália, teve a missão de fechar o Festival Eurovisão da Canção. Tal como o nome da canção indica, a cantora, conhecida como 'princesa da pop', ofereceu uma atuação cheia de "Adrenalina" e teve a seu lado Flo Rida.
Os convidados especiais do espetáculo
Durante decorriam as votações, o DJ holandês Afrojack, acompanhado por uma orquestra e pelo músico Wulf, surpreenderam com uma atuação na ponte Erasmus, em Roterdão. Em estúdio, um grupo de bailarinos juntou-se a Glennis Grace para o tema "Titanium", de David Guetta e Sia.
A partir de telhados de vários edifícios de Roterdão, Måns Zelmerlöw, com "Heroes" (2015), deu o pontapé inicial para uma viagem no tempo. A atuação especial juntou vários ex-vencedores do Festival da Canção, como Teach-In, que interpretou "Ding-a-Dong", tema que deu a vitória aos Países Baixos em 1975.
A belga Sandra Kim também aceitou o desafio do festival da Eurovisão e recordou "J'aime La Vie", tema que venceu o certame em 1986. No alinhamento seguiu-se Lenny Kuhr, com "Le Troubadour" , canção que conquistou o prémio em 1969.
A viagem seguiu com a artista grega Helena Paparizou, com "My Number One" (2005). Os Lordi, da Finlândia, fecharam a atuação especial com "Hard Rock Hallelujah", de 2006.
Duncan Laurence também preparou uma atuação especial para a final, mas não marcou presença no espetáculo - durante a semana, o cantor, que venceu o festival em 2019, testou positivo. Tal como aconteceu com a Islândia, na cerimónia foi exibida uma gravação do ensaio, onde o jovem apresentou "Arcade" e o seu novo single, "Stars".
O percurso dos The Black Mamba até à final
créditos: EBU / ANDRES PUTTING[/caption]
No Festival da Canção, da RTP1, a canção "Love Is On My Side" ficou em segundo lugar na votação do júri. O público deu também o segundo lugar aos The Black Mamba, com os 12 pontos do primeiro lugar a irem para a música “Dancing in the stars”, de Neev (Bernardo Neves). Mas a conjugação das votações ditou a vitória dos The Black Mamba.
Depois da vitória do concurso nacional, a canção do grupo de Tatanka entrou para o 26.º lugar das casas de apostas online. Durante várias semanas, o tema não se destacou no ranking, mas tudo mudou a partir do primeiro ensaio que os The Black Mamba realizaram em Roterdão, no palco da Arena Ahoy.
Com os primeiros ensaios, "Love Is On My Side" entrou para o top das 20 canções favoritas à vitória, chegando à primeira semifinal em 16.º lugar, de acordo com o site Eurovision World, que reúne vários dados das casas de apostas online.
Já na sexta-feira, dia 21 de maio, depois da atuação na segunda semifinal do certame, Portugal subiu ao oitavo lugar do top da final.
Com “Love Is On My Side” Portugal leva à Eurovisão, pela primeira vez, uma canção integralmente em inglês, composta por Tatanka, o vocalista dos The Black Mamba. Em conversa com o SAPO Mag, o músico contou a história que inspirou a letra do tema.
"É a história de uma personagem que conhecemos em Amesterdão, quando estávamos lá a fazer a nossa digressão de 2018 (...) Lá, nós estávamos a dormir no Red Light District, mesmo no epicentro do furacão. e estávamos a tocar duas ou três portas ao lado", recordou.
"A personagem que inspirou esta história era uma senhora muito velhinha, que se sentou ao balcão e meteu conversa (...) Basicamente, era de um país de leste, conseguiu fugir para este lado da Europa, estava cheia de sonhos, cheia de planos, jovem e cheia de amor... mas tudo correu ao contrário do que ela planeou e acabou por se tornar toxicodependente, prostituta de rua e tudo mais. É uma história triste", contou Tatanka ao SAPO Mag. "Ela achava que sempre tinha tido amor", frisou.
Portugal participou no Festival Eurovisão da Canção pela primeira vez em 1964, tendo, entretanto, falhado cinco edições (em 1970, 2000, 2002, 2013 e 2016).
Entre 2004 e 2007, inclusive, e em 2011, 2012, 2014, 2015 e 2019, Portugal falhou a passagem à final.
Portugal venceu pela primeira e única vez o concurso em 2017, com o tema “Amar pelos dois”, interpretado por Salvador Sobral e composto por Luísa Sobral. Na sequência da vitória, Lisboa acolheu, no ano seguinte, a competição.
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