Johnny Depp era ciumento, controlador e embebedava-se com frequência, disse a sua ex-namorada, a atriz Ellen Barkin, num depoimento pré-gravado esta quinta-feira, exibido no julgamento do processo movido pelo ator por difamação contra a sua ex-esposa, Amber Heard.

Heard, de 36 anos, que em maio de 2016 pediu uma ordem de restrição contra Depp, de 58, alegando violência doméstica antes de pedir o divórcio, escreveu um artigo de opinião para o jornal The Washington Post em dezembro de 2018, no qual se descreveu a si própria como uma "figura pública que representa o abuso doméstico", sem mencionar o seu ex-marido.

O protagonista de "Piratas das Caraíbas" processou-a por 50 milhões de dólares em perdas e danos por insinuar que ele é um abusador.

A atriz, originária do estado do Texas (sul) e protagonista de "Aquaman", respondeu e processou-o por 100 milhões, alegando ter sofrido "violência física e abuso desenfreado" do ex-marido.

Nos quatro dias do seu depoimento, Depp negou ter agredido Heard e afirmou que era ela quem frequentemente se mostrava violenta.

"Ciumento, controlador e bêbado"

Barkin, de 68 anos, disse que teve uma breve "relação sexual" com o ator na década de 1990.

Ela contou que durante os vários meses em que estiveram juntos, Depp "estava bêbado na maior parte do tempo".

"É um homem ciumento, controlador. 'Onde vai? Com quem vai? O que fez ontem à noite?'", acrescentou.

"Uma vez ficou muito irritado porque tinha um arranhão nas costas e insistiu em que era porque tive relações sexuais com outra pessoa que não era ele", disse.

Barkin relatou, ainda, um incidente durante as filmagens em 1998 de "Delírio em Las Vegas", no qual Depp "atirou uma garrafa de vinho do outro lado do quarto do hotel [...] Não sei por que atirou a garrafa", embora tenha dito que pode ter tido uma discussão com amigos ou com o seu assistente.

"Pouco profissional"

Tracey Jacobs

Tracey Jacobs, ex-agente de Depp que também deu um testemunho gravado, disse que a fama do ator começou a decair depois de 2010 devido ao seu "comportamento pouco profissional".

Os advogados de Depp alegam que as acusações de violência doméstica prejudicaram a reputação do seu cliente, mas a sua ex-agente garantiu que o ator já havia começado a decair antes disso.

Jacobs afirmou que o "comportamento não profissional" de Depp incluía o uso de drogas e álcool, além de "chegar tarde ao set consistentemente em praticamente todos os filmes".

"As equipas de produção não gostam de esperar horas e horas e horas para a estrela aparecer", explicou. "É uma comunidade pequena e isso deixou as pessoas relutantes em procurá-lo", disse.

Ela alegou que Depp estava em tanto "desespero financeiro" em janeiro de 2016 que procurou a agência para pedir 20 milhões de dólares.

"A proposta não foi formulada como um empréstimo", disse, acrescentando que os seus sócios disseram a Depp que a empresa "não era um banco", embora o tenham ajudado a obter um empréstimo através do Bank of America.

"Extremamente preocupado"

Johnny Depp a 19 de maio de 2022

Por sua vez, Josh Mandel, ex-empresário de Depp, disse que estava "extremamente preocupado" com a situação financeira de Depp em 2015.

Houve conversas "constantes" com o ator para reduzir os seus gastos, mas isso "nunca aconteceu", acrescentou.

"Com o tempo, tornou-se evidente que tinha problemas com o álcool e as drogas" e "isso se traduzia num comportamento mais errático", detalhou.

A certa altura, Depp estava a gastar 300 mil dólares por mês em funcionários a tempo integral e outros 100 mil por mês num médico e enfermeiras para garantir a sua sobriedade, indicou.

Mandel estimou que Depp ganhou à volta de 600 milhões de dólares durante as décadas que o representou.

Nomeado três vezes aos Óscares, o ator demitiu Mandel em 2016, que o processou, embora ambos tenham chegado a um acordo em 2018.

Depp também demitiu Jacobs em 2016. Questionada sobre o motivo, ela afirmou: "Realmente não sei. Tudo o que sei é que rompeu com praticamente todos os que estavam na sua vida".

Os advogados de Depp convocaram para depor especialistas que declararam que o ator perdeu milhões de dólares devido às acusações de violência doméstica, incluindo 22,5 milhões de dólares pelo sexto filme da franquia "Piratas das Caraíbas".

O ator processou a ex-mulher nos EUA depois de perder um caso de difamação em Londres, quando atacou o tabloide britânico The Sun por chamá-lo de "espancador de esposas".

Heard e Depp conheceram-se em 2009 no set de "O Diário a Rum" e casaram-se em fevereiro de 2015. O divórcio foi finalizado dois anos depois.

A juíza Penney Azcarate marcou as alegações finais do caso para 27 de maio. Depois delas, o júri irá deliberar.

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