Terá sido José Cid um ‘Menino Prodígio”? “Quando era pequenino, sim”, responde ao SAPO On The Hop em entrevista antes do showcase de apresentação do novo álbum no Renascimento Leiloeiros, em Lisboa.
“Os amigos dos meus pais diziam: ‘como é que é possível que uma criança de cinco ou seis anos toque piano e cante?’”, conta o tio Cid à malta mais jovem: “Os meus pais diziam que era instinto meu, que eu começava a tocar e a cantar…” Este era o pretexto ideal para lhe chamarem “Menino Prodígio”, um título com o qual lidou bem - “não tinha consciência disso”, refere - mas que não o acompanhou durante toda a vida. “O menino prodígio morreu, mas o seu epitáfio [frases escritas sobre o túmulo] sou eu”, explica José Cid na letra da canção que dá nome ao novo disco.
Foi numa tarde chuvosa de abril (abril, águas mil) que José Cid apresentou o de fresco “Menino Prodígio”, editado esta segunda-feira, dia 6. “Nos anos 70, sem se aperceber, Portugal teve um dos maiores rockers mundiais. 40 anos depois, Menino Prodígio, vem comprovar essa ideia”, disse José Cid a propósito deste novo álbum. Não sabemos se podemos dizer “modéstia à parte”; pelo contrário, Cid gosta de ostentar as suas metas alcançadas, revelando em entrevista antes do showcase que podia ter feito carreira na Austrália, noutros tempos, como cantor mundial, que esteve para assinar contrato com a Sony internacional e que até foi gravar num estúdio em Los Angeles. É caso para dizer: anyway, por cá temos “10 000 anos entre Vénus e Marte”, e agora este “Menino Prodígio”.
O showcase contou com a presença de amigos como Júlio Isidro, Miguel Angelo e Tozé Brito, que acompanhou Cid no tema de intervenção Blá! Blá! Blá!. Um tema criado já anteriormente, tal como outros que constam no álbum: caso de Rock Rural, numa versão ao vivo do Campo Pequeno. Em “Menino Prodígio” há poemas de poetas portugueses como António Nobre na canção “Só”, um revisitar acompanhado de fotografias da infância de José Cid. Tal como em outros álbuns, o cantor gravou em sistema analógico e manteve um tema em inglês. Desta vez, a canção escolhida foi “I Don’t Wanna Miss A Thing”, dos Aerosmith, numa versão que Cid tinha feito para o programa de rádio “Sem Palheta”, da RFM, e que teve boas críticas na altura.
Ao SAPO On The Hop, José Cid mostrou-se contente com o sucesso atual do tema “De Mentirosos Está O Cemitério Cheio”, que apresentou segunda-feira na estreia da nova temporada do 5 Para A Meia-Noite, com Luís Filipe Borges. A letra tem ficado na cabeça: “Alguém que diga que nunca na vida chorou / Alguém que diga que jogou e só ganhou / São só vitórias, mil aplausos pelo meio / De mentirosos está o cemitério cheio”. E não se esqueceu de um ingrediente essencial ao álbum: o amor da sua mulher, Gabriela Carrascalão, que deu a voz à personagem feminina da canção “O Andar de Marilyn”.
No final do showcase de apresentação, José Cid gravou vídeos e tirou fotografias que farão parte de videoclips futuros, mas deixou uma promessa maior: em breve haverá uma versão em vinil deste CD. “A capa [uma ilustração do próprio intérprete] é demasiado bonita para ficar só em CD”, rematou Cid.
Fotografias: Ana Castro
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