O júri que selará o destino do ex-produtor de cinema Harvey Weinstein concluiu na quinta-feira o seu primeiro dia de deliberações após receber as últimas instruções do juiz que presidiu ao novo julgamento por violação e agressão sexual, quase oito anos depois do início do caso emblemático que desencadeou o movimento #MeToo.

Após um início acidentado pela ausência de um dos jurados titulares, substituído por um suplente, o júri começou as suas deliberações, mas, no final do dia, ainda não chegara a nenhuma decisão, por isso voltam a reunir-se na sexta-feira.

O cofundador do estúdio Miramax voltou a sentar-se no banco dos réus após um tribunal de apelo do estado de Nova Iorque ordenar a realização de um novo julgamento, anulando em 2024 uma condenação de 23 anos pelas mesmas acusações, alegando falhas processuais.

Neste novo julgamento, Weinstein, de 73 anos, voltou a encarar as suas antigas acusadoras: a ex-assistente de produção Mimi Hayley e a atriz Jessica Mann, que o denunciaram por agressão sexual e violação, alegadamente ocorridos em 2006 e 2013, respetivamente.

Além disso, uma nova queixa foi acrescentada, da ex-modelo polaca Kaja Sakola, que o acusou de agressão sexual alegadamente ocorrida em 2006 num hotel de Manhattan.

"Ele violou três mulheres, todas disseram não!", disse a procuradora Nicole Blumberg nos argumentos finais de um julgamento que durou mais de um mês e meio, no qual o acusado, com vários problemas de saúde, compareceu em cadeira de rodas.

Por outro lado, para a defesa, o produtor de sucessos de bilheteira como "Pulp Fiction" e "A Paixão de Shakespeare" manteve relações sexuais consensuais com as três mulheres, que alegadamente pretendiam seduzi-lo para que as ajudasse a entrar na indústria.

"Não estamos aqui para policiar quartos" a menos que tenha havido uma violação, reagiu a procuradora.

Atualmente, Weinstein cumpre outra pena de 16 anos de prisão imposta por um tribunal de Los Angeles, também por agressão sexual.

O ex-produtor não se manifestou no novo julgamento, mas os seus advogados esperam que, com os anos que passaram desde as primeiras denúncias, o clima atual seja mais favorável ao seu cliente, que, em caso de condenação, pode passar o resto da vida na prisão.