Esta foi a primeira vez que os quatro - André Henriques (voz e guitarra), Cláudia Guerreiro (baixo e voz), Hélio Morais (bateria e voz) e Pedro Geraldes (guitarra e voz) – saíram de Lisboa durante algumas semanas, para compor e gravar. As escolhas recaíram em Amares (Braga), na Arrábida (Setúbal) e na Catalunha, Espanha.

A ideia surgiu porque o tempo para os ensaios não é o mesmo de há uns anos. “Nas nossas vidas atuais, em que a família foi crescendo e temos outras responsabilidades, a nossa disponibilidade nunca é total”, disse André.

Em 2016, quando editaram “Sirumba”, “em teoria” tinham todos “mais tempo disponível para fazer só música”, mas perceberam que não era por isso que ensaiavam mais vezes. “Como achas que tens todo o tempo do mundo, acabas por adiar”, referiu Hélio, acrescentando que a “ideia das residências pareceu boa na altura e depois revelou-se muito, muito boa”.

Estarem os quatro “fechados, num sítio, 'longe da vista, longe do coração'”, obrigava-os a “focar o essencial”.

“É muito melhor do que estares aqui em que não há uma continuidade. Ali é uma 'tareia', custa, é intenso, mas é muito mais produtivo e dá gozo perceber que estás a escavar e a chegar a sítios onde, aqui, não conseguias chegar”, recordou André.

Cláudia gostava de poder dizer que Amares e a Arrábida influenciaram o disco, “mas a verdade é que não”, porque praticamente não saíram dos sítios onde estavam instalados.

“Não tanto o espaço, mas mais o foco em trabalhar as músicas, isso foi o que teve a maior influência”, acrescentou Pedro.

Durante o tempo das residências, criaram algumas canções “do zero” e, de outras, “já vinham bocados de casa”.

“A letra surge sempre no fim, quando já se tem uma ideia do espaço que vai ocupar e onde achamos que faz sentido colocar a voz ou uma outra melodia. O nosso processo não é muito linear, mas o que acontece na maioria das vezes é haver já uns retalhos pequenos, um ‘riff’ de guitarra, uma guitarra que pode ter quatro ou cinco segundos”, contou André, responsável por todas as letras do disco.

Os quatro nunca tinham estado tanto tempo seguido juntos a trabalhar. Os concertos que têm pelo país fazem-nos passar três ou quatro dias seguidos longe de casa, no máximo.

O balanço que fazem é bastante positivo. “Correu muito bem”, disse André. Com Hélio a assumir que “foi uma surpresa”, sublinhado que isso não quer dizer que se deem mal, até porque foi visível, durante a entrevista à Lusa, a cumplicidade e amizade entre os quatro.

“Termos que nos organizar, termos algum tipo de ordem, podia descambar facilmente ou haver saturação, por estarmos demasiado tempo juntos. Mas não aconteceu e foi surpreendentemente bom”, partilhou Pedro.

Ao quinto álbum, a banda decidiu responder à pergunta que muitos “fazem há anos”: "Quem é Linda Martini?". A italiana, amiga de Pedro Geraldes, é a rapariga que surge na capa do disco.

“Volta e meia, em conversas, surgia que aquela fotografia dava uma capa incrível, é bonita tem um certo ar intemporal, parece dos anos 1970, mas é de agora. Quando pensámos num nome voltámos a falar na foto e, se ela aceitasse aparecer na capa, só fazia sentido o disco chamar-se Linda Martini”, contou André.

O nome do disco só ficou decidido quando Linda Martini respondeu ‘sim’ ao desafio da banda. E essa resposta chegou “onde tudo começou”.

“A caminho da Catalunha tivemos uns problemas e tivemos que voltar atrás para vir buscar outro carro. Quando estávamos a chegar a Massamá ela ligou-me”, recordou Pedro. Os quatro elementos da banda frequentaram a mesma escola preparatória em Massamá, antes de se conhecerem e começarem a tocar juntos.

Há 15 anos, Linda Martini acedeu a emprestar o nome à banda “sem grande entusiasmo”. Na altura, viu um concerto e confessou não ser fã do tipo de música, mas deu força para continuarem. Desta vez, porém, “mostrou-se muito mais entusiasmada, sentiu que, depois de ter vindo cá estudar, em 2003, deixou alguma coisa dela cá”.

Do ‘batismo’ até hoje, já passaram cinco discos e muitos concertos. André sente que os quatro estão “todos muito melhor” no que levam para o grupo, “no próprio domínio dos instrumentos”.

“Não é necessariamente melhor no resultado final, não é a nós que cabe julgar. Mas tocamos, cantamos e contribuímos para a banda, melhor do que quando tínhamos 23 anos”, referiu. “Na própria dinâmica, de composição, entre nós, conseguimos uma comunicação mais saudável”, acrescentou Pedro.

E quando se fala de influências, André partilha que “a grande influência de cada um são os outros elementos da banda”: “Este conjunto de pessoas também nos puxa a aprender, vamos sendo influenciados pelo que os outros estão a ouvir, é o que nos dá a matéria-prima para querermos continuar”.

“Linda Martini”, o álbum, é apresentado ao vivo na discoteca Lux, em Lisboa, na quinta e na sexta-feira. Os concertos estão esgotados.

Depois destas duas datas, seguem-se concertos, no dia 17, em Arcos de Valdevez (Casa das Artes), no dia 23, no Porto (Hard Club) e, no dia 24, em Lousada (Auditório).

A 03 de março, apresentam-se na Gafanha da Nazaré, no dia 09, em Loulé e, no dia 10, em Castro Verde.

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