"O projeto vai-se chamar 'lusoscopie' que é para complementar a 'lusophonie' (...) É 'lusoscopia', como se fosse uma radiografia cultural", disse à agência Lusa João Pinharanda, diretor do Centro Cultural Camões em Paris.

"Lusoscopie (Artistes Portugais à Paris)" é o título original do evento porque, "enquanto no mundo da literatura, toda a gente sabe o que é 'lusophonie'", no mundo das artes essa identificação parece menos fácil e o título necessitou "de levar o parêntesis" com a explicação.

O objetivo é inaugurar as exposições "por volta" de 20 de maio, na Noite Europeia dos Museus, tendo a ideia surgido quando o também conselheiro cultural da Embaixada de Portugal se apercebeu, após a sua chegada à capital francesa, há cerca de um ano, que "há mais de uma dezena de artistas portugueses que têm galerias em Paris e um mercado regular".

"Quando eu percebi que havia mais de uma dezena de galerias que trabalhavam regularmente com artistas portugueses, pensei que as inevitáveis e permanentes dificuldades económicas para fazer uma grande ação podiam ser substituídas por uma ação que fosse uma espécie de pulverização de pequenas ações", explicou João Pinharanda.

As galerias convidadas são a Bernard Bouche, que fará uma exposição individual de José Pedro Croft - o artista escolhido para representar Portugal, este ano, na Bienal de Veneza, numa curadoria feita pelo próprio João Pinharanda - a Kogan Gallery, que irá fazer uma mostra individual de Jorge Martins, a galeria Mendes, que fará uma exposição de "Rui Chafes em diálogo com a arte antiga", e a galeria Thorigny que vai apresentar o lusodescendente Rodolphe Bouquillard, "em diálogo com arte africana tradicional".

Em termos de exposições coletivas, a galeria Jeanne Bucher Jaeger vai apresentar Miguel Branco, Rui Moreira, Michael Biberstein, Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes, entre outros artistas internacionais, a Helene Bailly Gallery vai expor obras de Manuel Cargaleiro, Vieira da Silva e Arpad Szenes, e a galeria AR-PAB vai expor Ana Léon, Maria Loura Estevão, Adriana Molder e Maria Beatriz.

João Pinharanda gostaria, ainda, de incluir na programação os fotógrafos Daniel Blaufuks e André Cepeda, a projeção de um documentário de João Trabulo sobre a arte de Rui Chafes, e o lançamento em França do livro de ilustrações "Júlio Pomar /Dom Quixote".

Paralelamente, a delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian vai ser palco, a 18 de maio, da mesa redonda "Voix aux Images! Faire et penser l'art en portugais" ("Voz às imagens! Fazer e pensar a arte em português"), na qual vão ser apresentados livros sobre artes plásticas e fotografia portuguesas e se vai debater sobre se há "uma identidade lusoscópica", ou seja, uma arte visual portuguesa, e sobre se se cria, interpreta e difunde em português.

Os nomes convidados são os historiadores e críticos de arte Bernardo Pinto de Almeida e Sandra Vieira Jurgens, as especialistas na área de fotografia Emília Tavares e Margarida Medeiros, o professor de filosofia de arte e de estética Jacinto Lageira e o designer José Albergaria, entre outros nomes.