Em declarações à agência Lusa, André Cunha Leal fala sobre a logística, que se traduz numa operação muito complicada, mas destaca sobretudo a importância de assumir o património cultural e artístico de Portugal, na programação, que vai até domingo, 30 de abril.

A grande expectativa para este ano prende-se assim “com o perceber como é que um festival 90% português consegue atingir uma qualidade absolutamente nivelada pelos padrões internacionais”, estando já esgotados os bilhetes para alguns dos concertos.

“Não me lembro de ver um festival com três óperas portuguesas, com uma grande obra coral sinfónica portuguesa, com sinfonias e poemas sinfónicos portugueses e música da câmara portuguesa, a este nível”, acrescentou André Cunha Leal à Lusa.

O programador dos Dias da Música referia-se a obras como “O Doido e a Morte”, de Alexandre Delgado, “O Rapaz de Bronze”, de Nuno Côrte-Real, e “A Serrana”, de Alfredo Keil, além de “Manfredo”, poema sinfónico de Luís de Freitas Branco, e do “Requiem à Memória de Camões”, de João Domingos Bomtempo.

A programação, porém, alarga-se a todo o repertório, este ano sob o lema “As letras da música”, e André Cunha Leal sublinha que o festival "tem a missão de ter oferta para o público entendedor, mas também [tem de ser] uma porta aberta para o curioso”, que vai a um concerto “pela primeira vez”.

O atual programador disse que se iniciou nos Dias da Música ainda durante a parceria com as Folles Journées de Nantes, quando o festival se chamava Festa da Música (2000-2006). Na altura, Cunha Leal “era voluntário e o evento era um caos organizado”.

Agora, um dos problemas logísticos que o programador destaca é a falta de tempo, porque “só temos 45 minutos para montar o palco, ensaiar e abrir as portas para o público”.

Apesar de ser um “puzzle complicadíssimo”, “o esquema está muito bem definido”, há, portanto, uma sequência que se cumpre, em cada sala, durante todo o festival: “Ensaio, concerto, limpa palco, monta palco, ensaio, entra público, concerto, e assim sucessivamente...”, explica André Cunha Leal.

O controlo e manutenção dos equipamentos, durante os Dias da Música, são da responsabilidade de “profissionais reconhecidos” do meio musical português.

Com reportórios que exigem instrumentos específicos, a organização dos Dias da Música recorre ao aluguer de alguns, sobretudo os de maior dimensão, como harpas e contrabaixos.

“Este ano, temos muita música antiga, portanto vamos precisar de muitos cravos e órgãos”, afirmou André Cunhal Leal, acrescentando que “o CCB tem excelentes relações com quase toda a comunidade musical portuguesa e assim, já começa a ser mais fácil” a colaboração.

Como “os Dias da Música têm uma adesão muito interessante por parte do público”, “as medidas de seguranças são grandes”, assegurou o programador.

Na edição anterior, houve um reforço no dispositivo policial e, este ano, não será exceção. A segurança do recinto ficará a cargo da Polícia de Segurança Pública porque, “com milhares de pessoas concentradas no mesmo local, de diferentes idades”, tem de haver “ um dispositivo pronto a intervir a qualquer momento”.

Quanto à gestão dos espaços, às salas e controlo de entradas, apesar de os funcionários do CCB se mobilizarem todos para os Dias da Música, a organização tem de recorrer a equipas de voluntários e ao ‘outsourcing’ especializado.

Com um orçamento de 470 mil euros, André Cunhal Leal afirma que “a receita nunca cobre o investimento feito”.

“Se queremos manter a matriz dos Dias da Música, que é ser um festival com uma oferta diversificada para um público diversificado, não podemos ter preços de bilheteira que vão cobrir o investimento”, sublinhou o programador.

No entanto, apesar de o “orçamento ser apertado”, o retorno que vem da bilheteira “é bastante confortável”, garantiu.

Com 28.000 bilhetes para venda, entre os quatro e 9,5 euros - doze euros, em exceções como os concertos de abertura e de encerramento, no grande auditório -, muitos já se encontram esgotados, segundo André Cunha Leal.

Todos os concertos dos Dias da Música vão ser gravados pela Antena 2 e pela RTP2, estando previstas emissões de diretos, a partir do pequeno e do grande auditório, nomeadamente a abertura, na sexta-feira, e o “Requiem à memória de Camões”, no domingo, a partir das 18:00.

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