Em declarações à TSF, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu uma condecoração póstuma de José Mário Branco, que morreu esta terça-feira, dia 19 de novembro, aos 77 anos.

"Eu tentei [condecorá-lo] em vida, mas ele foi sempre muito reticente. Foi sempre muito avesso a condecorações, a reconhecimentos públicos", explicou o Presidente da República à TSF. "Ele manifestou sempre, de forma muito bem-educada e discreta, que o que lhe importava era deixar um testemunho e fazer passar a palavra. O reconhecimento formal era menos importante", explicou.

Marcelo Rebelo de Sousa frisou ainda que recebeu com "muita consternação" a notícia da morte de José Mário Branco que, para o Presidente da República , ajudou  "a marcar uma viragem histórica em Portugal".

"José Mário Branco era uma referência do período de resistência à ditadura, da revolução e pós-revolução de Abril e de uma geração que, através da sua voz, exprimiu a vontade de mudança política económica e social na sociedade portuguesa", sublinhou. "O seu desaparecimento representa uma perda", acrescentou à TSF.

"Era uma pessoa muito independente, muito firme nas suas convicções e muito mobilizador por uma certa austeridade de comportamento e firmeza na luta. Foi sempre um revolucionário, um insatisfeito, desejando sempre muito mais e muito melhor", salientou Marcelo Rebelo de Sousa.

Já em declarações aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa descreveu José Mário Branco como alguém "sempre insatisfeito", para quem "havia uma parte de Abril que estava por realizar".

"E, nesse sentido, foi um símbolo de resistência, um símbolo de luta, um símbolo de esperança e um símbolo de permanente exigência à democracia portuguesa", considerou o chefe de Estado.

O músico, compositor e cantor José Mário Branco morreu esta terça-feira aos 77 anos. A notícia foi confirmada à Agência Lusa pelo seu manager, Paulo Salgado.

Nascido no Porto, em maio de 1942, José Mário Branco é considerado um dos mais importantes autores e renovadores da música portuguesa, em particular no período da Revolução de Abril de 1974, cujo trabalho se estende também ao cinema, ao teatro e à ação cultural.

Foi fundador do Grupo de Ação Cultural (GAC), fez parte da companhia de teatro A Comuna, fundou o Teatro do Mundo, a União Portuguesa de Artistas e Variedades e colaborou na produção musical para outros artistas, nomeadamente Camané, Amélia Muge, Samuel e Nathalie.

José Mário Branco editou o primeiro longa-duração, "Mudam-se os tempos mudam-se as vontades", ainda no exílio em França, em 1971, musicando textos de Natália Correia, Alexandre O’Neill, Luís de Camões e Sérgio Godinho.

No entanto, os 50 anos de vida musical do autor português são marcados a partir da gravação em 1967 do primeiro EP, "Seis cantigas de amigo", editado dois anos depois pelos Arquivos Sonoros Portugueses.

A edição de "Ser solidário", de 1982, inclui a gravação de "FMI", uma das composições mais célebres de José Mário Branco.

Nascido no Porto, em maio de 1942, José Mário Branco é considerado um dos mais importantes autores e renovadores da música portuguesa, em particular no período da revolução de abril de 1974, cujo trabalho se estende também ao cinema, ao teatro e à ação cultural.

Foi fundador do GAC - Grupo de Acção Cultural, fez parte da companhia de teatro A Comuna, fundou o Teatro do Mundo, a União Portuguesa de Artistas e Variedades e tem colaborado na produção musical para outros artistas, nomeadamente Camané, Amélia Muge, Samuel e Nathalie.

Em 2016, José Mário Branco assegurou a direção musical do filme "Alfama em si", de Diogo Varela Silva.

A vida de José Mário Branco foi passada em revista, com a participação do próprio músico, no documentário "Mudar de vida", de Nelson Guerreiro e Pedro Fidalgo.

Em 2018, José Mário Branco cumpriu meio século de carreira, tendo editado um duplo álbum com inéditos e raridades, gravados entre 1967 e 1999. A edição sucede à reedição, no ano anterior, de sete álbuns de originais e um ao vivo, de um período que vai de 1971 e 2004.

* Notícia atualizada às 11h55 do dia 19 de novembro de 2019