A cerimónia, que conta com a presença do presidente da Junta de Freguesia, Luís Newton, realiza-se às 15h00, na Academia da Estrela, na Rua do Quelhas.

“Natural do Porto, Maria da Fé é uma grande artista que levou o nome de Portugal aos palcos do mundo e, desde há cerca de quatro décadas, vive na freguesia, onde é reconhecida por todos”, disse à Lusa fonte da autarquia lisboeta, acrescentando que “esta é uma forma de a homenagear e, através dela, todas as mulheres”.

A fadista e o seu marido, o poeta José Luís Gordo, e o fadista António de Mello Corrêa, inauguraram em 1975, nesta freguesia, aquele que é “um espaço de referência do fado”, segundo o jornalista e editor Armando Castela, que citou “novos valores do fado que daquele espaço têm despontado”, nomeadamente Mariza, Ana Moura, António Zambujo ou Duarte.

“É frequente referir-se ao [restaurante] ‘Senhor Vinho’ como uma universidade do fado, dado os ensinamentos ali partilhados por músicos experimentados” como “o poeta José Luís Gordo, [que é] dos mais cantados e apreciados no fado, e, claro está, a referência que é a Maria da Fé”, disse Armando Castela, que, entre outros, editou em 2013, o livro "40 Fados", de Arménio de Melo e José Luis Gordo.

Por outro lado, realçou, além de Maria da Fé, “nome incontornável da história fadista”, por este espaço passaram já, entre outros, Camané, José Fontes Rocha, Paquito, Ada de Castro, Maria Amélia Proença, Jorge Fernando ou Fernando Machado Soares.

Aldina Duarte, Joana Amendoeira, Duarte, Liliana Luz, Vanessa Alves, Francisco Salvação Barreto, Ana Margarida e os músicos Paulo Parreira, na guitarra portuguesa, e Rogério Ferreira, na viola, constituem, o atual elenco daquele restaurante típico.

Maria da Fé, que foi distinguida com a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa, entre outras condecorações - como a de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 2013 -, gravou o primeiro disco em 1959.

"O meu primeiro disco foi um EP, com quatro fados: dois meus e dois do Fernando Manuel, que era um rapaz que cantava na [casa de fados] Viela. Gravámos num sítio incrível, numa cave de uma casa de eletrodomésticos, que era do Arnaldo Trindade, na rua de Santa Catarina, em frente ao ‘Café Majestic’, no Porto. Gravei ‘Eu canto fado’ e ‘Sou tua’, do Casimiro Ramos", contou à Lusa a fadista, que, em 2007, recebeu o Prémio Amália para Melhor Intérprete.

“É uma homenagem gratificante que me comove”, disse fadista, intérprete de êxitos como "Valeu a pena", "Primeiro amor", "Fado errado", "Cantarei até que a voz me doa", “Senhora d’Aires”, “Lençóis de palha”, “Meu país”, "Senhora do Tejo", "Meu Portugal meu amor”, “Divino fado”, e que, em 1969, concorreu ao Festival RTP da Canção com “Vento do norte”.

Aos 13 anos, Maria da Fé ganhou um concurso realizado pelo Jornal de Notícias e o empresário Domingos Parquer, na Feira Popular do Porto. Em 1959, com 16 anos, voltou a ser consagrada vencedora como "Rainha das Cantadeiras".

No ano seguinte, estabeleceu residência em Lisboa e, incentivada pelo poeta Francisco Radamanto, integrou o elenco da Adega Machado, onde estava o músico e compositor Armando Machado, autor de vários fados tradicionais, como “Santa Luzia” e “Súplica”.

Maria da Fé pisou, ao longo da carreira, palcos como o Queen Elizabeth Hall, em Londres, o Canecão, no Rio de Janeiro, ou o Instituto Árabe, em Paris, e protagonizou uma ponte cultural luso-brasileira em 1984 e em 1990.