"Edgar Hilsenrath deixou-nos. Quem pode reivindicar mais humor e compreensão da espécie humana do que este escritor inclassificável? Obrigado por tudo o que nos deu para ler e viver, Edgar", indicou Le Tripode na sua conta no Facebook.
Nascido em 1926 em Leipzig, na Alemanha, numa família de comerciantes judeus, Edgar Hilsenrath sobreviveu ao nazismo exilando-se com os seus pais em julho de 1938 num gueto na Roménia, onde os seus avós moravam. Deportado em 1941 para outro gueto, este na Ucrânia, o Exército Vermelho salvou-o em 1944.
No final da guerra, voltou à Roménia, de onde foi para o Território Palestiniano. Posteriormente voltou à Europa, antes de se instalar nos Estados Unidos em 1951, onde viveu 25 anos, mas sem se adaptar.
Ganhava a vida com pequenos trabalhos e começou a escrever, em alemão, o fruto das suas experiências.
Em 1964 publicou "Night: A novel", seu primeiro romance. Mas o seu editor alemão, preocupado com a causticidade de sua caneta e o humor satírico que já caracterizava a sua obra, preferiu sabotar a publicação do livro. Traduzido para o inglês, apareceu nos Estados Unidos em 1966 e tornou-se um best-seller, vendendo cerca de 500.000 cópias.
Mas Edgar Hilsenrath, que voltou em 1957 à Alemanha, era um autor indesejável no seu país.
Por vezes considerada uma obra-prima, "O nazi e o barbeiro", um livro que fala do Holocausto num estilo satírico e burlesco, foi publicado com sucesso nos Estados Unidos em 1971 e na Alemanha em 1977. "Night" voltou a ser publicado na Alemanha em 1978.
Autores como Heinrich Böll e Günther Grass celebraram a obra de Edgar Hilsenrath.
Em 1989 recebeu a recompensa literária alemã mais prestigiada: o prémio Alfred-Döblin pelo seu livro "The Story of the Last Thought", no qual compara o genocídio arménio ao Holocausto.
Também são suas as obras "Orgasm in Moscow" (1979) e "Fuck America" (1980)
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