Enwezor tinha deixado em junho a direção da Haus der Kunst, em Munique, devido a razões de saúde, depois de, numa entrevista à revista alemã Der Spiegel, ter anunciado que lutava contra o cancro há três anos.
"Perdemos um intelectual brilhante, um homem do mundo cujo saber enciclopédico percorria mais do que a arte, e era um sensível defensor da arte", disse o ministro da Cultura da Baviera, Bernd Sibler, sobre o desaparecimento do curador.
Também Paolo Baratta, presidente da Bienal de Veneza, lamentou hoje a morte do curador, num comunicado, destacando "a sua grande abertura para os artistas a nível mundial, o enorme sentido de responsabilidade, e a sua coragem".
"Foram elementos inspiradores do seu trabalho, que conduziu sempre com grande honestidade intelectual e um talento sofisticado", acrescentou o responsável italiano.
Okwui Enwezor foi o primeiro curador nascido em África a dirigir uma bienal de Veneza, o que aconteceu em 2015, na 56.ª exposição, à qual dedicou o tema "All the World's Futures" ("Todos os Futuros do Mundo", em tradução livre), onde Portugal esteve representado pelo artista plástico João Louro, com um projeto que reunia objetos e fotografia, inspiradas na invisibilidade.
Também foi o primeiro curador não europeu a dirigir a Exposição Documenta, em Kassel, na Alemanha, em 2002, que, pela primeira vez, não foi dominada por artistas europeus e norte-americanos, incluindo um número significativo de criadores de África, Ásia e da América do Sul.
Enwezor nasceu em Calabar, na Nigéria, em 1963, e cresceu em Enugu, mudando-se para Nova Iorque em 1982, formando-se em Ciências Políticas, na New Jersey City University.
Escreveu poesia e encontrou o seu caminho na crítica de arte, passando à curadoria regular de exposições a partir do início dos anos 1990.
Foi co-fundador do "Nka: Journal of Contemporary African Art".
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