O cineasta ucraniano Oleg Sentsov, libertado em setembro pela Rússia, alertou esta terça-feira (26) que a Rússia quer colocar a Ucrânia "de joelhos", durante o seu discurso no Parlamento Europeu como vencedor do Prémio Sakharov em 2018.

"A Rússia é uma mentira. Os russos não querem paz no Donbass [região leste da Ucrânia envolvida num conflito com rebeldes pró-russos], não querem paz para a Ucrânia, querem que vivamos de joelhos", salientou Sentsov.

O cineasta alertou os europeus sobre qualquer tentativa de "apaziguar" a relação com a Rússia de Vladimir Putin, sobre quem diz "não acreditar".

Os russos "querem dirigir a política europeia de acordo com os seus métodos e não podemos permitir", acrescentou.

Putin elogiou o seu novo homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, antes de uma cúpula a 9 de dezembro em Paris, para procurar uma solução para o conflito na Ucrânia com a mediação da alemã Angela Merkel e do francês Emmanuel Macron, que deseja a aproximação da União Europeia (UE) e Moscovo.

Sentsov, libertado a 7 de setembro como parte de uma troca de 70 prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia, fora preso em casa em maio de 2014 por protestar contra a anexação naquele ano da península ucraniana da Crimeia por Moscovo.

A sua sentença de 20 anos num campo de detenção na Rússia por preparar "ataques terroristas" e "tráfico de armas" gerou mobilização internacional. O seu julgamento fora denunciado como "estalinista" pela Amnistia Internacional.

Em 2018, o Parlamento Europeu concedeu o Prémio Sakharov pela liberdade de consciência, decisão que Moscovo classificou como “completamente politizada”.

"Sempre que um de vocês pensar em estender a mão a Putin, lembrem-se dos 13.000 mortos ucranianos", alertou o cineasta.

Já este ano, os eurodeputados atribuíram o Prémio Sakharov ao intelectual uigur Ilham Tohti, condenado a prisão perpétua na China por separatismo.