O cineasta ucraniano Alexander Rodnyansky, que trabalhou na Rússia e ganhou prémios internacionais, foi condenado na segunda-feira a oito anos e meio de prisão à revelia por um tribunal russo por publicações que denunciavam a ofensiva na Ucrânia.

Produtor de cinema e televisão, e também realizador, Rodnyansky é conhecido por ter trabalhado nos filmes nomeados para os Óscares "Leviatã" (2014) e "Loveless - Sem Amor" (2017), ambos do realizador russo Andrey Zvyagintsev.

Rodnyansky foi considerado culpado, na sua ausência, de espalhar “informações falsas” sobre o exército russo e condenado a oito anos e meio de prisão, informou o serviço de imprensa dos tribunais de Moscovo.

Segundo o meio de comunicação russo independente Mediazona, especializado em casos ligados à repressão na Rússia, o também cineasta é acusado de quatro publicações nas redes sociais em 2022 e 2023 denunciando as mortes de civis em ataques na Ucrânia, atribuídas ao exército russo.

Em outubro de 2022, foi classificado pela justiça russa como “agente estrangeiro”, um rótulo infame usado durante anos pelas autoridades para reprimir vozes críticas.

Reagindo a este veredito na rede social Telegram, Alexander Rodnyansky disse “não reconhecer a legalidade do julgamento” nem “a legalidade da existência do artigo absolutamente absurdo” sobre publicação de “informações falsas” sobre o exército russo.

Este artigo do código penal e vários outros são sistematicamente utilizados pelos tribunais na Rússia para punir qualquer crítica à ofensiva de Moscovo na Ucrânia.

“A guerra da Rússia na Ucrânia é uma guerra de conquista desprezível”, escreveu Rodnyansky. “Nenhum tribunal (...) pode impedir-me de falar alto e bom som”, acrescentou.

Nascido em Kiev, Alexander Rodnyansky trabalhou durante quase 20 anos na Rússia, onde se tornou uma figura influente na indústria. Deixou o país após a eclosão da ofensiva na Ucrânia em fevereiro de 2022. Também foi uma importante figura televisiva na Ucrânia.